Os destaques do Congresso Internacional Cidades Lixo Zero

Os destaques do Congresso Internacional Cidades Lixo Zero

Publicado em:
28/6/2018
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Na Semana do Meio Ambiente, o Menos 1 Lixo e a Fe Cortez estiveram em Brasília, participando do Congresso Internacional Cidades Lixo Zero. O objetivo era reunir pessoas do mundo inteiro pra dividirmos expectativas e experiências sobre os resíduos sólidos das cidades, projetos de compostagem, de conscientização ambiental, trocar parcerias, enfim, muita coisa!

O Congresso foi totalmente gratuito e tinha gente pra caramba. Foi muito legal ver como as pessoas estão interessadas e engajadas cada vez mais.

BOGOTÁ - COLÔMBIA

A Sandra Pinzón, da Colômbia, contou que só Bogotá produz 8 mil toneladas de lixo por dia com taxa de reciclagem de 17%. Ela contou que, através do Bogotá Basura Cero (Bogotá Lixo Zero), criou-se um projeto de certificação das empresas que se propunham a encarar o desafio de produzir menos lixo. Ela citou 3 passos pra que uma cidade possa alcançar a alcunha de Lixo Zero:

  1. Não ter lixões;
  2. Não produzir o que não pode ser reciclado
  3. Educar formal e popularmente todo mundo

Sandra, via Facebook Cidades Lixo Zero

HERNANI - ESPANHA

Também  hermanos, mas de outro continente, o prefeito da cidade de Hernani, Luiz Intxauspe, na Espanha, deu um show contando um pouco da cidade. Desde 2010 que ele trabalha com o objetivo de ser Lixo Zero e contou tudo que fazem pra que isso aconteça por lá.

Há 8 anos, a taxa de reciclagem era de 30% na cidade de 20 mil habitantes. Hoje, já passou dos 80%! Sabe como? O Luiz contou que a principal mudança foi o recolhimento do lixo de porta em porta, que transformou Hernani em uma referência quando o assunto é resíduo sólido.

Ele contou que em todas as casas construídas depois do projeto ser implementado existe um quarto de resíduos, um cantinho para colocar as lixeiras disponibilizadas pelas prefeitura. E olha que atitude simples: as lixeiras destinadas ao descarte de papel, recebem sacolas de papel.

Luiz contou que instalou centros de compostagem pela área rural e cursos gratuitos pra prática. E os moradores recebem 30% de desconto nos impostos quando compostam!

Em Hernani, as pessoas produzem 60kg de lixo por ano por pessoa, 3x menos do que os municípios da região. O relato foi super legal, porque ele contou que tudo foi feito com participação da população e no incentivo comunitário da mudança de hábito.

A prefeitura ajudou muito nesse processo, porque forneceu sacolas de pano, louças de cerâmica pros moradores que querem fazer festas ou eventos, mas não querem usar descartáveis e fraldas reutilizáveis pras famílias com bebês.

PAÍS DE GALES - REINO UNIDO

Mal Williams fez uma fala super divertida e apresentou o caso de sucesso do País de Gales que nos últimos 15 anos, passou do pior reciclador da Europa para um dos três melhores, com taxa de quase 70% de reciclagem.

"Lixo Zero é um verbo"

Segundo ele, o grande segredo do País de Gales é simplesmente não produzir resíduos que não podem voltar pra cadeia

Todos nós temos uma escolha e precisamos saber a certa a fazer, como parar de consumir as embalagens erradas.

NEPAL

Uma das conversas mais avassaladoras do dia foi a comandada pelo Mahesh Nakarmi do Nepal, que apresentou um plano de HealthCare incrível, ou seja, um hospital Lixo Zero. Ele contou que o país produz 550 milhões de toneladas de lixo por ano e que o lixo hospitalar de Catmandu é todo descartado nas ruas da cidade.

O projeto começou em 2010 e é apoiado em alguns pilares como o uso de apenas materiais recicláveis e encaminhamento deles pra reciclagem, a vermicompostagem, a transformação dos restos de comida em biogás (que é devolvido como energia para o próprio hospital). Os materiais hospitalares são levados a uma autoclave e depois reciclados. Algodão e gases vão direto pra composteira. O que não é reciclável, como alguns tipos de plásticos que ainda são inevitáveis no consumo do hospital, são destinados ao artesanato de pacientes com recuperação motora.

Antes do desenvolvimento de um projeto Lixo Zero, o lixo no Nepal era todo incinerado, causando problemas ambientais ainda maiores. Nakarmi declarou que eles estão fazendo testes para compostar absorventes descartáveis femininos.

CIDADE DO CABO - ÁFRICA DO SUL

Mariette Hopley, da Cidade do Cabo, conversou com a gente sobre a situação por lá. Durante a Semana do Dia Mundial da Água, a fulana falou um pouco sobre a crise hídrica fortíssima na cidade e como eles estão lidando com a situação.

No Congresso, uma das primeiras coisas que a Mariette falou foi sobre o alívio de tomar um banho de chuveiro e não de canequinha. E isso já faz a gente pensar a beça sobre o nosso privilégio e como nós não valorizamos a água como deveríamos.

Ela relatou que os aterros na Cidade do Cabo atingem o seu limite de capacidade no fim desse ano e que por lá, ainda 44% do lixo não é reciclado e que a coleta não é feita de forma correta. O sucesso da cidade foi a cobrança nas sacolas plásticas, atitude que reduziu em 97% o consumo delas.

KAMIKATSU - JAPÃO

Akira Sakano, de Kamikatsu, no Japão, contou que na cidade, quase 100% do lixo orgânico é compostado e foi a primeira cidade japonesa a se declarar com ambição Lixo Zero. Na cidade de 1.500 habitantes, 80% do lixo doméstico é reciclado. Ela disse que a principal dificuldade foi tirar a população da zona de conforto, já que 52% dela tem mais de 65 anos. Especialmente porque no Japão, o costume do tratamento com o lixo é incinerá-lo.

Ela explicou que existem, em Kamikatsu, 45 categorias de gestão de lixo.

Akira Sakano, via Facebook Cidades Lixo Zero

FLORIANÓPOLIS - BRASIL

A grande notícia do dia é que Floripa se comprometeu a ser uma cidade Lixo Zero até 2030. Hoje, a cidade recicla 7% do lixo e existem milhões de projetos inspiradores por lá: a Revolução dos Baldinhos, o Route, o Museu do Lixo, a Frente Parlamentar do Combate ao Lixo do Mar, a UFSC sustentável e por aí vaí. É a primeira cidade brasileira que se propôs ao desafio.

LAGES - BRASIL

O Germano Güttler da UDESC de Lages, também em Santa Catarina, contou que a cidade de 158 mil habitantes produz 2.100 toneladas de lixo que vão pros aterros mensalmente.

O lixo orgânico não tá no ciclo dos resíduos, mas no ciclo dos alimentos

Ele defende que o cidadão deve ser tratado como tal e não como um agricultor, quando falava sobre o processo da compostagem urbana. E explicou o Método Lages de Compostagem EXPLICAR. Na cidade, 32% do lixo orgânico vira adubo.

CICLO ORGÂNICO - RIO DE JANEIRO

O Ciclo Orgânico foi lindo de ver! Como sempre, o Lucas arrasou na apresentação de um projeto tão inspirador quanto esse. Hoje, a empresa de compostagem urbana já atinge 800 residências, com 7 ciclistas que carregam até 850kg e lixo orgânico por triciclo. Em 3 anos de projeto, eles já transformaram 400 toneladas de lixo úmido que iriam pro aterro, em adubo!

Foco na potencialidade das soluções, não na urgência dos problemas

O Gabriel Berterretche de Montevidéu contou sobre as dificuldades de envolver a população no problema do lixo. Com 1,5 milhão e habitantes, a cidade tem 15 mil lixeiras de coleta seletiva desde 1998 e quase nenhum resultado. Com taxa de reciclagem de 7%, só 20% do que era descartado nas lixeiras de coleta eram reaproveitados, porque a população não descartava de maneira correta e contaminava o lixo seco.

A estratégia pra chamar atenção da galera foi a compostagem através da erva mate. Pra quem não sabe, o mate é uma bebida mega hiper tradicional no Uruguai e todo mundo anda pra lá e pra cá com uma cuia e água quente. A compostagem acontece no terraço dos edifícios que quase sempre eram vazios e desocupados. Apostando na facilidade da separação entre lixo seco e lixo úmido, o projeto deu certo.

E ganhou mais uma estratégia: a inclusão da maconha no processo. Liberada desde 2013, o estímulo foi focado nos 20.000 auto cultivadores da planta em casa que precisam de muito adubo. E a compostagem dá um fertilizante bem poderoso e o melhor, de graça! Hoje, os auto cultivadores são os mais fãzocas da compostagem uruguaia.

Gabriel Berterretche, via Facebook Cidades Lixo Zero
Marina Marcucci
Por:
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Sobre o movimento

Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.

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