Amazônia Lixo Zero

Amazônia Lixo Zero

Publicado em:
17/7/2018
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Hoje se celebra o Dia de Proteção às Florestas pra destacar a importância na luta pela preservação de um dos ecossistemas mais importantes pro planeta. E o Brasil abriga a floresta Amazônica, o pulmão do mundo, a maior floresta tropical que existe por aqui. Ela ocupa mais de 60% do território brasileiro e tem uma flora que abarca de 10 a 20% de todas as espécies vegetais do mundo! E ainda compõe um conjunto de rios que representam a maior reserva de água doce.

Recentemente, uma pesquisa divulgada pela Science Advances concluiu que a Amazônia pode não ser mais uma floresta se atingir 20% de desmatamento, ou 1 milhão de km² desmatadas. E falta pouco: hoje já atingimos 18%. E também por isso esse dia é tão importante!

O dia de hoje também comemora o grande protetor das Florestas, a figura lendária brasileira Curupira, que assegurava que ninguém mau intencionado poderia prejudicar o ecossistema. Ele tinha os pés virados pra trás pra enganar os invasores, dando uma impressão mentirosa de que estão chegando perto dele. Segundo o folclore, ele era responsável por proteger as florestas das ações nocivas do homem, desde a caça até o desmatamento. Mas o Curupira não consegue mais dar conta de tanta maldade, né? E já tem muita gente bacana preocupada em pensar e proteger a Floresta Amazônica tanto quanto a lenda. 

Foto Guto de Lima

Vamos falar sobre o projeto Amazônia Lixo Zero?

Eu conheci o projeto no Congresso Internacional Cidades Lixo Zero, lá em Brasília. Alguns representantes indígenas falaram um pouco sobre como o lixo chega nas aldeias, como lidam com eles e quais os grandes problemas que enfrentam nesse sentido. Foi emocionante!

O Amazônia Lixo Zero surgiu de uma parceria entre o Instituto Lixo Zero Brasil e o Instituto Txai, que luta pelos direitos culturais, sociais e territoriais dos povos indígenas. E eu tive uma conversa muito bacana com o Guto de Lima, que toca o projeto e encontrou nele uma nova forma de viver a vida.

O Amazônia Lixo Zero é uma tentativa de construção de um diálogo sobre o consumo, a nossa relação com a terra, com nós mesmxs e da nossa relação em sociedade, a partir da visão de quem mora na Floresta a partir do problema do lixo.

A Amazônia é a maior escola Lixo Zero do mundo!

O projeto tem por objetivo um diálogo pra criação de uma linguagem e de conceitos pra que possamos agir juntos em prol de uma floresta mais preservada e de uma sociedade mais interessada em conhecê-la e aprender com ela.

O primeiro pilar do Amazônia Lixo Zero é a tecnologia social, seguido do turismo, especialmente o etno turismo. Segundo o Guto, é importante incluir as iniciativas turísticas, pra que as pessoas conheçam a Floresta que querem preservar e que elas experienciem a importância que ela tem. O terceiro pilar é a educação, ou seja, a formação de multiplicadores da floresta, os agentes agro florestais e os habitantes, claro. Esse eixo é pensado através de ações de comunicação. Tudo pra garantir a capilaridade dos 4 ambientes que o Amazônia Lixo Zero prioriza: as aldeias e territórios indígenas, os municípios, as populações ribeirinhas e as reservas extrativistas.

Mas como o lixo chega nas florestas?

Parece uma pergunta boba, mas não é. Tudo o que a floresta produz pode ser reaproveitado por ela mesma, já que a natureza é extremamente inteligente e auto suficiente. Ela não gera nada que não possa ser reinserido no ciclo e na dinâmica da vida dela mesma. Nós, os homens, que quebramos esse ritmo quando introduzimos materiais que demoram pra sumirem na natureza e que não podem ser reaproveitados em qualquer ambiente nessa dinâmica. 

Nesse sentido, o Guto citou o plástico e a pilha, por exemplo. Ele diz que a maior lição que as Florestas nos ensinam é não gerar resíduos. Ela é naturalmente Lixo Zero

É importante lembrar que qualquer coisa que possamos chamar de lixo vem de um sistema que não pensou toda a cadeia de vida daquele material. Ou pensou, mas não se interessou o suficiente.

Então, o Amazônia Lixo Zero tem a pretensão de promover essa consciência de redução do consumo e da produção desses materiais que não se inserem na dinâmica da natureza. É também um esforço de comunicação, já que as pessoas precisam entender a sua responsabilidade no pós e no pré consumo.

O lixo chega na floresta através do consumo de quem vive nela e também pelos turistas, já que eles não levam os seus resíduos de volta pra casa. No caso das populações indígenas, elas compram alimentos embalados em plástico e pilhas pras lanternas nos municípios mais próximos. 

Como é o descarte disso? Esse é o problema. Segundo o Guto, não existe um sistema de coleta seletiva que permita a devolução desse resíduo pra esses municípios que poderiam descartá-los corretamente. A tendência é que ele fique na aldeia e esse lixo seja queimado ou enterrado. Duas opções extremamente nocivas pro meio ambiente.

Foto Guto de Lima

E como a população urbana contribui pra esse cenário?

Especialmente pelo turismo, como já falamos. O Guto deixou claro que quando patrocinamos um sistema de consumo desenfreado e sem conscientização, também estamos contribuindo pra que o lixo seja disseminado nas florestas. Cada real gasto em produtos como os descartáveis, por exemplo, é um voto que corrobora pra esse sistema acontecer. Nós financiamos essa dinâmica. Então, de alguma forma, também estamos patrocinando os impactos dele nas florestas, ainda que indiretamente. 

A floresta parece distante, mas não é. Tudo tá conectado e tudo se relaciona de maneiras fluidas e complexas e o nosso comportamento dentro de casa reverbera em todo o resto do planeta.

O Guto destacou que o maior desafio é a coleta nas florestas e também um trabalho forte de conscientização pra redução do consumo. E uma iniciativa interessante é o fomento do plantio nas aldeias, da agro floresta e da produção do próprio alimento. Quanto mais a população planta, menos ela vai até o município consumir. Tudo é feito em conjunto, sempre! Com base nas próprias práticas indígenas.

Me encantou a possibilidade de conviver com os povos da florestas e experimentar essa sinergia de aprendizado e vivência

Quais são as contribuições indígenas pra dinâmica do Lixo Zero?

A gente tem muito o que aprender com eles. Especialmente em relação a como viver sem destruir, garantir que o ambiente possa nos prover toda a medicina pro corpo, pra mente e pro espírito e também que possa nos oferecer os alimentos de forma equilibrada.

Nós ficamos encantadxs com o projeto e tem uma super notícia pra quem compartilhou desse amor com a gente: vai rolar uma primeira imersão do Amazônia Lixo Zero em outubro desse ano, na floresta, em território yawanauá.É uma imersão que vai permitir aos participantes ajudarem a criar as perspectivas e possibilidades do projeto, aproximar do contexto do ecossistema e das possibilidades dessa relação. Viver os rituais e os diálogos, uma série de experiências importantes. Tá todo mundo convidado a se inscrever! É só entrar no site deles e se inscrever aqui.

E em 2019, vai rolar um Congresso no Acre, em agosto, fruto dessa imersão e dos resultados dela. Lá vai rolar um amplo diálogo sobre a questão do lixo nas florestas e não só da Amazônia, mas de todas delas, pensando no problema e compartilhando as soluções. Vale seguir as redes do projeto e disseminar a mensagem. Vamos juntxs?

Marina Marcucci
Por:
fundo
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Sobre o movimento

Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.

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