Valorize os catadores!

A realidade ainda desafiadora da reciclagem no Brasil tem agentes inspiradores e que ainda não são valorizados socialmente: catadores e catadoras. Sem eles, não existe jornada de reciclagem. Por isso, te contamos um pouco sobre esse trabalho e porque devemos celebrar esses trabalhadores e trabalhadoras tão fundamentais pra sustentabilidade do coletivo.

Você sabe como funciona o trabalho que os catadores realizam no Brasil? Desde 2002 que a profissão é reconhecida pelo Ministério do Trabalho e tem como escopo recolher, selecionar e vender materiais recicláveis. Assim, eles cuidam da cidade, da nossa saúde e da saúde da natureza, porque observam o resíduo como oportunidade e não como algo descartável.

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E por que são fundamentais? Bom, primeiro porque nós ainda temos quase 3 mil lixões a céu aberto no Brasil e 87% da população brasileira não tem acesso a um programa de coleta seletiva nos seus municípios. São os catadores e catadoras que cuidam dessa coleta e do que pode ser reciclado ou não. Só no Rio de Janeiro, mais de 350 mil toneladas de resíduos foram recuperados pelos catadores só em 2020, o equivalente a 923 ônibus.

Hoje, segundo dados do IPEA, são entre 400 e 600 mil trabalhadores, sendo 20 mil só no estado de São Paulo, a cidade mais populosa do país e que descarta 20 mil toneladas de lixo todos os dias. A contradição está na invisibilidade desses trabalhadores que trabalham diariamente, debaixo de chuva ou sol quente, pra coletar o máximo de resíduos que podem, transportando o lixo pra triagem e comercialização. E, claro, essa condição expõe a galera a doenças, à violência urbana e até ao preconceito. Porque toda invisibilidade social é resultado da ignorância da sociedade civil. ‍

Cataki

Em entrevista à Paulina Chamorro, no Vozes do Planeta, o Mundano, fundador do Pimp My Carroça e Cataki, grafiteiro e ativista ambiental contou um pouco da importância da visibilidade aos catadores e catadoras. Há 13 anos, ele decidiu grafitar uma carroça de um catador de São Paulo, com objetivo de destacar aquele trabalhador urbano. Seguiu perguntando aos catadores e catadoras sobre sua rotina e também escrevendo frases de impacto nas carroças, buscando trazer visibilidade pra essa galera que cuida da gente. Aos poucos, essa relação entre Mundano e as cooperativas se estreitou.

A partir desse trabalho, Mundano também fundou o Cataki, que surge pra suprir uma demanda das cidades que, como já contamos, a maioria sequer tem como alternativa a coleta seletiva da prefeitura. Através do aplicativo, você consegue encontrar o catador ou catadora mais perto da sua casa e quais coletam os resíduos que você precisa descartar. Desde 2017 que é um aplicativo e tem mais de 220 mil downloads, foi premiado mundialmente 2 vezes e, a nível nacional, aumentou em 63,9% a renda de catadores e catadoras que estão no Cataki.

Mundano é um grande ativista e inspiração pro Menos 1 Lixo. Através dos projetos, ele construiu uma ponte entre a sociedade e quem trabalha com o lixo, oferecendo a oportunidade de mudarmos a nossa visão como coletivo, de um dos trabalhos mais necessários quando falamos em sustentabilidade e regeneração das cidades.

Na websérie Bê a Bá da Reciclagem, o Edson Freitas, Fundador e Diretor da EcoVida, destacou um dado muito relevante, de que perdemos maisde R$ 8 bilhões por ano encaminhando o nosso resíduo pra aterros sanitários e lixões em vez de encaminhar pra reciclagem.

Na pandemia, os catadores tiveram uma redução de 80% da sua renda mensal, além de toda exposição ao vírus. Em 2020, o Menos 1 Lixo participou da campanha de financiamento coletivo liderada pelo Cataki de apoio aos catadores e catadores do país.

Apoie essa rede de trabalhadores e trabalhadoras e valorize os que cuidam do nosso lixo, da nossa saúde, da nossa cidade e, claro, do nosso planeta. : )