“Não é especular sobre o que talvez ocorra, mas imaginar o que você de fato pode fazer acontecer.”
__Gary Hamel
Nós, da cuidadoria, voltamos a este espaço de inspiração do Menos 1 Lixo e é uma grande alegria para nós! Hoje o tema é uma provocação em relação ao futuro (que trabalhamos também na nossa formação de líderes evolutivos) e que queremos compartilhar aqui com vocês, seguidores e entusiastas das causas da economia do cuidar, como é a causa de cuidado com o Planeta do Menos 1 Lixo, sua equipe e líderes.
Enquanto o planejamento estratégico define uma série de ações a serem realizadas em um horizonte de curto, médio ou longo prazos que a organização se propõe para atender a sua estratégia, a visão de futuro dá uma direção. Enquanto o planejamento serve para apoiar a organização a tomar decisões, gerir o tempo das pessoas e os recursos voltados ao negócio, (não importa o tamanho ou o setor da organização, se de um projeto, uma iniciativa ou um negócio social), a visão de futuro vai além: ela responde a o que a organização quer alcançar.
Especialistas dizem que sondar o futuro é típico em organizações em que a criatividade e a inovação recebem um papel prioritário. Tirar lições positivas do passado e entendê-las no momento presente é uma abordagem informal favorita.
A premissa básica é a de que uma visão de futuro é uma visão de futuro se é compartilhada por todos, como um farol que serve de guia para o barco. Ela alimenta e fortalece o propósito da organização (sua razão de existir). Tudo o que a organização cria, ela cria para atender ao seu propósito. Tudo o que a organização fizer hoje, ela faz em nome da sua visão de futuro. Infelizmente não é sempre bem assim...
As organizações, em geral, são muito boas em planejamento estratégico voltados à prosperidade e ao crescimento da empresa, pouco se preocupando com a visão de futuro, de fato. Quando muito, acompanham as tendências tecnológicas, do setor e do mercado, o futuro provável, aquele que pode acontecer.
Mas, sabemos, nenhum indivíduo isolado é capaz de absorver tudo o que está mudando no mundo, a inteligência coletiva pode fazer esse papel.
Ainda mais no contexto de mudanças no qual nos encontramos. Se costumávamos pensar em futuro de forma reativa criando planejamentos estratégicos, agora
a visão de futuro se tornou a própria estratégia do negócio.
Daí a sua relevância, pois o que importa mesmo em tempo de transição é a coragem de abandonar os velhos padrões conformistas de agir. Há um certo fator surpresa, inusitado, insólito, extraordinário que é preciso perseguir! A realidade é que nós estamos operando em um novo padrão. Tudo conectado a tudo como o novo padrão do mundo em rede vai alterando a maneira como as coisas funcionam, como fluem as informações, pessoas, comunicação, distribuição de produtos e serviços, mudam os comportamentos, muda a lógica do que chamamos de mercado.
Alguns indícios da fase que estamos, e porque é urgente olhar para o futuro são:
Fica mais clara a interdependência entre os elementos que operam simultaneamente. Por exemplo, nas conversas, falas e na comunicação corporativa tem sido bem perceptível um movimento de líderes e organizações em torno de como lidar com dois desafios simultâneos: de um lado a necessidade de adaptar-se às novas tecnologias e inovações (as que já estão aí e aquelas que virão, mas como?); por outro, a necessidade de conhecimento, habilidades e ferramentas para responder de forma mais ágil não só às mudanças tecnológicas, mas seus impactos nas pessoas e suas relações, na gestão e na cultura organizacional.
A tomada de decisão ficou mais difícil. Não importa o tamanho ou o setor, não importa a atividade.
Quando o padrão tecnológico muda, os padrões de comportamento também se modificam. Não poderia ser diferente, ficamos submetidos a novas expectativas, novas exigências, novas narrativas, a que não estávamos acostumados antes. Pensamento exponencial, futuro do trabalho, cultura da inovação, transformação digital, novos modelos organizacionais. Manter-se informado, conhecer as tendências, nem isso mais parece ser suficiente. Preparar-se para o futuro virou um fardo!
Não podemos deixar isso acontecer. Não pegaremos todas as ondas! A relevância do que fazemos também está na confiança que temos no que entregamos para as pessoas. As mudanças tecnológicas e tendências devem apoiar o propósito e a confiança no presente e não impedi-los.
A expressão italiana “Calma, ma fare súbito!” ou seja, “Calma, mas faça rápido!” lembra esse paradoxo: de fato o contexto exige que nos mantenhamos em movimento e atentos, entretanto pede a calma indispensável para “perceber” na mais essencial acepção da palavra!
Perceber do Latim percipere, de per = todo, completamente + capere = pegar, captar, agarrar. Informação, estímulos, tendências estão nos dando a parte e as partes estão desconexas, é preciso captar o todo. O nosso luxo se tornou dar-se o tempo de qualidade para perceber sutilezas, relações e dinâmicas entre as coisas e aí sim, agir significativamente.
Por que estimular as visões de futuro?
Propiciar ambientes para que as pessoas experimentem criar visões de futuro desejável é sempre uma excelente oportunidade para falar de sonhos para si, para seus projetos, iniciativas, comunidades, negócios e organizações. A visão de futuro gera sentimentos de engajamento e normalmente tiram as pessoas do lugar comum, outras motivações são ativadas.
Criar ambiente para imaginar uma visão de futuro compartilhada tem o poder de estimular as pessoas a falarem de mudanças positivas, a mudar a narrativa buscando soluções mais criativas e proativas. Parece uma mudança pequena, mas não é. Em uma ocasião ouvimos da gestora de uma organização: “É impressionante o efeito de começar falando de sonho, de imaginar em um horizonte que tudo deu certo, percebi outra postura em mim mesma e na minha equipe.” Visão de futuro ajuda a as pessoas a se relacionam em torno do seu próprio aprendizado, da própria organização, em torno da cultura da organização.
Compartilhamos aqui algumas observações e resultados da sistematização de criação de futuros que fizemos em várias ocasiões. Um ambiente criado para compartilhar uma visão de futuro nas organizações permite quase sempre ☺ :
O que emerge desses encontros são elementos sempre muito interessantes. Em geral aparecem:
E não raro, observamos as pessoas manifestarem:
A visão de futuro é engajadora, tem o poder de mudar como se criam comunidades em torno de uma ideia, de uma causa, conectando histórias das pessoas para além de uma marca.
Portanto, olhar para o futuro como um futuro desejável revela o que desejamos e sonhamos. Partimos do aprendizado e desse lugar de onde estamos para realizar algo que nos move com confiança para além de nós mesmos e para além do nosso tempo, no futuro.
Alinhados com nosso propósito de cuidar do mundo a partir das pessoas e das organizações, nossa visão de futuro vai de encontro à economia do cuidar. Desejamos que possamos estar nas nossas organizações criando novas possibilidades para, de algum modo, cuidar, restaurar, regenerar, fazer evoluir a nossa consciência, alguém, o mundo.
E se respondêssemos juntos e com verdade, criatividade (e por que não, sensibilidade e poesia) à seguinte questão:
Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.