Já observou como a sustentabilidade tá rodeada de mulheres poderosas? São empreendedoras, influenciadoras, ativistas e defensoras da causa. E daí a gente fica se perguntando: sustentabilidade não é pra homem? Infelizmente, essa é uma percepção muito presente na nossa sociedade. Homens são (muito) menos envolvidos quando falamos em assuntos de regeneração do planeta. Isso é bem claro pra gente, quando observamos o público do Menos 1 Lixo: 83% da nossa base de 620 mil seguidores no @menos1lixo são mulheres. E 88% dos 93 mil inscritos no nosso canal do youtube também. No Curso Sustentabilidade Em Casa, também conseguimos observar um padrão: 90% dos inscritos são mulheres. E muitas delas compartilham que a maior dificuldade em transformar uma casa em um ambiente sustentável são.. os maridos!
Adotar hábitos sustentáveis implica em repensar o sabão tóxico e industrial que usamos pra lavar a roupa e a louça, observar a dispensa de comida com mais cuidado, aproveitar integralmente os alimentos, entender que produtos de cosmética natural são um caminho importante, compostar... e a lista continua! Se os hábitos mais impactantes do nosso dia a dia quando falamos em sustentabilidade estão conectados com a nossa casa... é fácil entender porque os homens ainda não se envolvem, né? O trabalho doméstico ainda é bastante desigual. Uma pesquisa publicada em junho desse ano, destacou que as mulheres se dedicam 10 horas a mais à casa do que os homens.
Também por isso, são elas (somos nós!) as responsáveis pelas compras e pelo planejamento alimentar de uma casa. A loja referência em Lixo Zero no mundo, Package Free Shop, destacou que 90% do público ainda é feminino. Outro dado interessante é que as mulheres costumam ser mais empáticas do que os homens e mais preocupadas com o futuro. Por isso, se sensibilizam com as causas ambientais e com o futuro das espécies - inclusive a nossa - no seu dia a dia. E isso resulta no que alguns pesquisadoras chamam de brecha ecológica de gênero.
Pra além da composição da sociedade patriarcal que acabamos de contar, outro fator muito interessante (porque somos elegantes) é o significado de aderir à sustentabilidade em alguns hábitos individuais. Uma pesquisa da revista Sex Roles identificou que homens não costumam carregar suas próprias bolsas de pano no supermercado e não reciclam porque isso pode parecer algo... feminino! Ou seja, com medo de parecerem afeminados, homens negligenciam atitudes que podem cuidar do próprio futuro. E isso também se aplica à alimentação orgânica e sem carne.
Além disso, os negacionistas são, em sua maioria, homens conservadores. A misoginia demonstrou ser uma característica relevante nos que negam o caos climático. Um artigo do International Journal for Masculinity Studies pontuou que os céticos ignoram a questão urgente do meio ambiente, porque é resultado de um padrão de sociedade industrial construída e dominada pelos homens. Mesmo os homens que acreditam que precisamos lutar por um mundo mais sustentável, preferem argumentos focados na ciência e nos negócios. Os que se posicionam pela base ética e na justiça ambiental são vistos como afeminados.
Muita gente ainda desconecta o ativismo ambiental de temas de luta mais populares, como o feminismo e a política. Fato é que a segmentação de abordagens é uma escolha de linguagem e não uma realidade.
Domingo é Dia dos Pais e pode ser muito legal dar um toque nos homens nesse momento e lembrar que eles são fundamentais na nossa luta por um planeta em regeneração. Não existe sustentabilidade se não estivermos todos juntos nessa. As mulheres são poderosas - e nós sabemos bem disso! - mas coletivamente somos muito mais potentes. Por isso, compartilha essa matéria com os homens da sua vida. Vamos espalhar essa reflexão?
Se o seu pai é sustentável, a gente te convida a fazer um vídeo ou uma foto no seu instagram com a #MeuPaiSustentável, pra gente multiplicar inspirações masculinas por aí. Se você for um papai (ou um rapaz) sustentável, também te convidamos a fazer o mesmo. Bora mudar o mundo?
Tem vídeo sobre isso lá no canal:
E também fizemos uma live linda com o Alê Girão, que se debruça nos estudos das masculinidades e a sustentabilidade, aqui.
Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.