A gente sabe como é difícil desapegar do uso dos plásticos descartáveis todos os dias em tantas situações em que eles parecem a melhor opção. Especialmente as sacolinhas plásticas, que são extremamente perigosas pra nós, pros animais e pro planeta. A ONU declarou que são 5 trilhões de sacolas plásticas consumidas todos os anos e só no Brasil, consumimos 1,5 milhão por hora! É coisa demais…
Com o assunto circulando por aí, não param de surgir alternativas sustentáveis que são pura fake news, como os oxibiodegradáveis e os plásticos verdes. E pra te ajudar a não cair mais nas armadilhas da indústria, vamos falar um pouco sobre as condições dos plásticos por aí, tá? Tivemos ajuda e mentoria da musa Aline Matulja, engenheira ambiental e autoridade no assunto.
No Dia da Saudade, em abril desse ano, resgatamos alguns produtos que não tinham embalagem plástica e que hoje não sabemos viver sem. Antes de qualquer coisa, assiste ao vídeo da Fe Cortez sobre como fazer com as lixeiras dentro de casa, que a gente sabe que é onde bate o desespero na sugestão de recusar as sacolinhas por aí. Somos muito apegadxs ao plástico, mas estamos aqui pra te dar as mãos nesse desafio. Bora?
Os plásticos têm origem em dois tipos de matérias-primas diferentes: de fontes renováveis (milho, cana de açúcar ou celulose) e na petroquímica.
Todo plástico passa por uma oxidação e se fragmenta em micropedacinhos, poluindo o meio ambiente de maneira irreversível e contaminando ecossistemas inteiros com a toxicidade do plástico. A gente já sabe que, não importa se é reciclável, a taxa de reciclagem do plástico no mundo é muito baixa. Segundo a National Geographic, das 6 bilhões de toneladas que o mundo já produziu, nem 10% disso foi reciclado. Ainda que seja reciclado, o plástico tem reciclabilidade finita e pode ser reciclado até 5 vezes. Ou seja, é poluição no meio ambiente de todo jeito.
E quando se fala em plástico biodegradável então… precisamos de muita atenção! Com a proibição dos canudos plásticos no Rio, surgiu a moda dos canudinhos oxibiodegradáveis, que sugerem a ideia da biodegradação, mas que não é verdade. A própria Associação Brasileira da Indústria do Plástico tem um documento com perguntas e respostas que deixa claro que o plástico oxibiodegradável e biodegradável são bem diferentes. E nós já falamos sobre isso com a Fe Cortez e o André Trigueiro.
Os oxibiodegradáveis recebem um catalisador (sal de manganês ou ferro) que acelera o processo de oxidação, fazendo, de fato, o material sumir aos nossos olhos, mas continuam deixando os microplásticos por aí. Ou seja, não voltam pra natureza sem agredí-la e, não são, biodegradáveis.
Eles viram o que a Aline chama de uma farofa de plástico.
No Brasil, os oxibiodegradáveis são vendidos como uma alternativa sustentável e biodegradável aos plásticos convencionais. Mas isso é desinformação, tá?
Os oxibiodegradáveis são de matéria-prima fóssil, como os plásticos convencionais, como PET, polipropileno e polietileno. Esses últimos três, tem a vantagem de serem produzidos em larga escala, com uma reciclagem mais desenvolvida (ainda que MUITO longe do necessário) e são mais baratos, mesmo que ninguém fale do custo deles no pós consumo. E nós precisamos falar desse custo! Na nossa websérie Mares Limpos, falamos sobre quem paga essa conta:
Feito de cana de açúcar e pela Braskem, é o que vai dominar as sacolinhas no Rio de Janeiro, com a implementação da nova lei. A vantagem é que é feita de matéria-prima renovável e também tem preços mais baixos, mas também tem reciclabilidade finita e polui o meio ambiente de qualquer forma, além da perpétua extração de matéria virgem e renovável e do alto impacto pós consumo, já que também vira microplástico.
O grande problema do plástico não é a matéria-prima, mas o descarta, e é isso que a gente precisa entender.
O plástico verde economiza recursos fósseis, já que usa biomassa e tem menos pegada de carbono, mas ainda tem um pós consumo muito prejudicial já que é plástico.
Existem os bioplásticos: PLA, PHA, PBS e as misturas com amido :)
Feitos de matéria-prima vegetal, são realmente biodegradáveis, têm menor pegada de carbono e baixo impacto no pós consumo, já que se biodegrada em até 6 meses, se for descartado corretamente. O problema é que ainda são muito caros e sem competitividade com os plásticos convencionais, não existem em todas as embalagens que precisamos (como as garrafas PET), e precisa da colheita de matéria virgem, impactando a monocultura. E o Brasil ainda não tem pátios de compostagem suficiente pra garantir o processo correto do início ao fim.
Os bioplásticos podem ser sintetizados por bactérias que fermentam amido, sintetizados por algas e os feitos de casca de camarão: são os plásticos mais sustentáveis já desenvolvidos.
Por isso, hoje, a melhor alternativa é sempre recusar os plásticos descartáveis. A gente não precisa de tantas sacolinhas, copinhos e canudinhos que demoram séculos pra sumirem na natureza e ainda deixam rastros gravíssimos pra saúde do planeta quando se fragmentam. Nós não precisamos deles.
A gente sabe que a primeira e principal pergunta que surge quando te contamos pra recusar as sacolinhas é: e a lixeira da minha casa? A Fe Cortez fez dois vídeos bem completos sobre o assunto, pra você, de uma vez por todas, dizer NÃO pras sacolinhas sem sacrifício nenhum. Vamos juntxs!
Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.