Você sabe o que tem por trás das famosas pedras que energizam?
As chamadas "pedras energéticas" estão se tornando cada vez mais populares como ferramentas de bem-estar, mas cá entre nós, é importante olharmos além do seu brilho. Sob a superfície do Madagascar, esconde-se um tesouro de pedras e metais preciosos que são altamente cobiçados pelos buscadores desses cristais "curativos". Nos Estados Unidos, a demanda por essas pedras dobrou nos últimos anos, e as importações de quartzo têm aumentado constantemente desde 2014.
Para e pensa com a gente: em um país onde a infraestrutura, o capital e a regulamentação do trabalho são escassos, são os corpos humanos que literalmente puxam esses cristais da terra. Mais de 80% dos cristais são extraídos de forma "artesanal" por pequenos grupos ou famílias que vivem em condições análogas à escravidão. Essas pessoas são exploradas, sujeitas a trabalhos árduos e perigosos, sem acesso a direitos trabalhistas básicos.
E não para por aí! Além dos perigos enfrentados pelos trabalhadores, a extração dessas pedras preciosas tem consequências devastadoras para o meio ambiente. Deslizamentos de terra são comuns e a quebra das rochas gera uma poeira fina que contém partículas de quartzo, aumentando significativamente o risco de câncer de pulmão para os trabalhadores e as comunidades próximas às minas. Percebe como é irônico que, em meio a toda a narrativa de energização e espiritualidade que cerca esses cristais, existe uma cadeia de dor e exploração oculta? Precisamos nos perguntar: quem realmente está servindo ao bem-estar das pedras de cristais?
É muito importante que, como consumidores, estejamos conscientes do impacto socioambiental dessas "pedras energéticas". Não podemos ignorar a exploração humana e os danos causados ao meio ambiente em nome de uma suposta cura e bem-estar. Todo ritual de autocuidado e busca pela espiritualidade é bem vindo, mas precisamos buscar alternativas sustentáveis e éticas para nossas práticas espirituais e de cura, garantindo que as energias positivas que buscamos não venham à custa do sofrimento de outras pessoas e do nosso próprio planeta. A transformação verdadeira só acontecerá quando abandonarmos a máscara de ilusão e nos comprometermos com ações concretas em busca de uma sociedade justa e ecologicamente equilibrada.
Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.