Como você tá por aí?
Estamos destruídes. Você tem acompanhado a situação no Pantanal? O mês de setembro traz notícias duras: estamos batendo o recorde de incêndios no bioma. Mais de 15% da extensão já virou cinza, o equivalente a 3 vezes a região metropolitana de São Paulo.
O incêndio já destruiu 85% do Parque Estadual das Águas, que abriga o maior refúgio de onças-pintadas do mundo. Em agosto, uma onça já tinha sido vista por moradores de Poconé vasculhando algumas casas da região, porque estava fugindo das queimadas no Pantanal. Ela estava com queimadoras de terceiro grau e inalou fumaça demais, além de apresentar um estado grave de desidratação.
O fogo no Pantanal também queimou 92% do maior refúgio de araras-azuis do planeta, em Barão do Melgaço.
Das 1.200 espécies de animais vertebrados que moram no Pantanal, 36 estão ameaçados de extinção, e são números anteriores ao incêndio. Ainda não sabemos qual é o número total de animais mortos, porque o fogo ainda não acabou, mas já se estima a morte de milhares deles.
É triste e não faltam fotos desesperadoras dos animais carbonizados. Os que vagueiam por lá, têm os pulmões intoxicados com a fumaça e as patas queimadas pelo fogo.
A Polícia Federal investiga o incêndio e garante que não foi acidental. E adivinha? A suspeita é que tenha sido provocado pra remover a vegetação natural do Pantanal pra garantir pastagem pra gado na região. O problema é que esse tipo de crime não tem reparação à altura, já que é destruição em larga escala. Segundo a PF, são crimes que podem ultrapassar 15 anos de prisão.
Um dado de 2017, já afirmava que 16% do Pantanal já havia sido extinto para dar espaço pro agronegócio em larga escala, uma área um pouco maior do que o Estado do Sergipe.
Hoje, os países europeus que mais protestam contra o fogo nos biomas brasileiros, são responsáveis por 10% do faturamento do agronegócio brasileiro esse ano. Alemanha, Dinamarca, França, Itália, Holanda, Noruega, Reino Unido e Bélgica juntos investiram quase 7 bilhões de dólares no agro do Brasil em café verde, soja, farelo de soja e, claro.. carne! E boa parte desse último item vem da Amazônia, que bateu recorde em desmatamento nos últimos 2 anos.
A notícia que dói demais é que a demora em agir do governo federal agravou demais a situação no Pantanal. Além disso, o presidente Jair Bolsonaro reduziu em quase 60% as verbas pros incêndios florestais no país, mesmo com o aumento das queimadas na Amazônia em 30% em 2019. No Pantanal, o aumento foi de 241% em 2020. O investimento pra contratação dos especialistas do combate ao fogo caiu de R$ 23 milhões em 2019 pra R$ 9,99 milhões em 2020. A fiscalização diminuiu na região. As autuações por lá caíram 48% em 2020 em relação ao ano passado.
Segundo Marcos Rosa, coordenadora técnico do Map Biomas, o governo não se envolve com eficácia e não manda equipamentos e equipe suficiente pra cuidar do desastre.
Na quarta-feira, o presidente diminuiu a importância dos incêndios e disse que é um evento que acontece naturalmente. Além disso, ele declarou que ano passado o Pantanal não sofreu tanto com os incêndios, então "sobrou uma massa enorme de vegetais bons para isso que está acontecendo agora."
Muitas são as organizações e movimentos que estão todos os dias na luta real pra controlar e cuidar do fogo e dos animais do Pantanal. A gente pode, mesmo de longe, ajudar essa galera a ter força, estrutura e norte. Selecionamos alguns aqui pra você se informar e apoiar:
Grupo de Resgate de Animais em Desastres
Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.