Catarina Mina: bolsas e histórias lindas formam o primeiro  e-commerce aberto do Brasil

Catarina Mina: bolsas e histórias lindas formam o primeiro e-commerce aberto do Brasil

Publicado em:
9/8/2016
No items found.

A Fe Cortez esteve no Recicla Nordeste, palestrou pra uma galera em um evento aberto tomado por jovens e conheceu muitas iniciativas bacanas, entre elas, a Catarina Mina. De lá mesmo me enviou um link sobre a marca dizendo que as bolsas eram tão lindas quanto o processo de produção, e que isso tinha que vir pro site. Comecei a fuxicar e em alguns minutos já queria arrumar a mochila e seguir pra Fortaleza pra conhecer tudo de perto, abraçar as artesãs e a Celina Hissa, principal idealizadora da marca que vocês vão conhecer agora!

O Surgimento da Catarina Mina

Como uma brincadeira, surgia a Catarina Mina em 2005. Não havia organização por trás, apenas a vontade de trabalhar com artesanato reinventando o fazer local. Aliando a tradição ao olhar contemporâneo do design. Essa vontade de trabalhar com artesanato, com a materialidade das coisas gerou o encontro com artesãs. Como eu trabalhava com direção de arte em agências de publicidade, me encantava muito com a possibilidade de sair da bidimensão do computador e trabalhar com a tridimensionalidade e todas as possibilidades de invenção criativa e material do artesanato. A primeira tipologia que exploramos foi o tear, até hoje tenho um tear, mas o encontro com artesãos que também possuem essa paixão pela criação artesanal que nos fizeram ser quem somos hoje. Foi no crochê que esse encontro surgiu de forma mais espontânea e ativa, por isso nosso destaque atual são bolsas artesanais de crochê.

O nome surge inspirado em  uma personagem histórica do Maranhão. Catarina Mina  foi uma bela e inteligente escrava do séc. XVIII, ciente da beleza que deus lhe deu, teve amantes, economizou uma fortuna e comprou sua liberdade. Alforriou a mãe, adquiriu imóveis e virou uma lenda. Além de sonoro, o nome vai de encontro com a ideia da marca que sempre foi trabalhar com ícones regionais valorizando o artesanato brasileiro. Assim a marca Catarina Mina nasce com a vontade de criar bolsas exclusivas que carreguem a beleza e a sensibilidade do trabalho manual com a vanguarda do mundo da moda. Uma marca feita por mulheres Sou Formada em Comunicação Social com habilitação em Publicidade pela Universidade Federal do Ceará, tenho especialização em teorias da Comunicação e  recentemente conclui uma pesquisa de mestrado sobre Modos de Produção Coletiva. Trabalhei durante 7 anos anos como diretora de arte de agências de publicidade em Fortaleza. Em paralelo ao trabalho em agências, assinava também projetos gráficos para livros e capas de CDs, então comecei a investir na área de cenografias e figurinos.

Foi a partir do desenvolvimento de trabalhos com cenografia e criação de stands que comecei a me interessar pelo design de uma forma geral, aquele que vai além do projeto gráfico e envolve outros materiais. Assim, com o interesse pelo design e uma paixão antiga pelo artesanato surge a Catarina Mina. A Verônica Vieira é também um dos grandes nomes por trás da empresa, ela é artesã e trabalha com a gente desde de 2010. É ela a responsável pela criação das receitas em crochê e coordenação dos grupos de artesãs. Recentemente, Mariana Marques tem atuado de forma decisiva na construção da marca, ela é publicitária, redatora e tem abraçado o projeto “Uma Conversa Sincera” desde o seu lançamento (2015). Seu pensamento estratégico e sua generosidade ao trabalhar com a marca tem contribuído para sermos quem somos. O ritmo, a rotina e a criação O trabalho artesanal faz parte da cultura cearense.

Uma das coisas que motiva as mulheres a esse tipo de fazer é a possibilidade de trabalhar em casa, cuidando de seus filhos e, ao mesmo tempo, gerando renda. Como acreditamos muito nesse modo específico de fazer e de vida, possuímos uma relação de confiança muito bem estabelecida com as artesãs, na qual existe um comprometimento de ambos os lados e que possibilita que esse modo de produção funcione muito bem na nosso empresa.  Algumas ganham por produção, outras possuem carteira assinada, mas todas trabalham em casa. Em um dos grupos elas algumas vezes se reúnem na casa de uma das artesãs para produzir juntas. Fazemos questão de não interferir e respeitar os modos específicos de produção de cada grupo e nos orgulhamos de ter construído uma relação na qual é possível o convívio do fazer artesanal às necessidades e prazos do mercado. No total trabalhamos com uma média de vinte e cinco artesãs, número que aumenta dependendo das necessidades produtivas, ou das tipologias.

Uma Conversa Sincera

Em 2015 começamos um novo projeto com as artesãs: #umaconversasincera.  A ideia é valorizar cada vez mais o trabalho manual. Convidando o consumidor a olhar para os modos produtivos. Junto com isso, veio uma proposta para as artesãs receberem um percentual das vendas do produto. Ou seja, além do valor fixo que elas recebem pela produção, quando o produto é vendido elas também recebem uma porcentagem nas vendas. Nossa ideia parte do questionamento dos altos investimentos para esforços de venda e uma redução cada vez maior dos investimentos em mão de obra, naqueles (costureiras, sapateiros, artesãos) que realmente " fazem" o produto.

Percebendo a indústria da moda nacional em crise, vendo vários ateliês de produção local fecharem, decidimos convidar o consumidor a pensar junto com a gente sobre a valorização deste fazer manual. A ideia passa também pela vontade de que o fazer artesanal seja algo que passe de geração em geração, e para que isso aconteça precisamos valorizar o começo da cadeia, ou seja, as artesãs. 

 

Queremos criar uma rede de pessoas que valorizem cadeias produtivas mais saudáveis, mais felizes e principalmente, mais justas. Desta maneira, entendemos nossa proposta como um pensamento em rede, um compartilhamento de responsabilidades, que vai desde o artesã que se compromete com uma produção de qualidade, que está inserido nos ganhos do processo, passando pela empresa, pelo designer, por quem comunica e se estendendo ao consumidor final. Quem compra uma bolsa da Catarina Mina também é peça fundamental na propagação deste ideia. Por isso dizemos que muitas mãos fazem a Catarina.

A necessidade de um e commerce com todos os custos abertos

2014 foi um ano decisivo para a empresa, eu estava no mestrado, também trabalhando com produções colaborativas em arte, e a Catarina Mina passava por um momento de dificuldades financeiras, muitas devido a concorrência com produtos produzidos em mercados chineses e asiáticos. Parte da nossa renda vinha do chamado “Private Label ” ou seja, produzíamos para outras marcas comercializarem, e muitas argumentavam que a nossa mão de obra era cara, o que foi nos fazendo perder mercado. Percebi que havia uma necessidade de conversar com o consumidor diretamente, para valorizar a mão de obra artesanal, precisávamos do apoio da sociedade. Era importante que se perguntasse sobre quem faz, que se entendesse um pouco mais sobre os modos produtivos, não é possível concorrer com os “fast fashion” em preço e era necessário que tivéssemos o apoio da sociedade para conseguir dar continuidade ao trabalho que acreditávamos.

Foi assim que surgiu a ideia do projeto #umaconversasincera. Abrimos todos os nossos custos, uma forma de ser o mais transparente possível. Quando uma conversa acontece, ambas as partes se modificam, trocam, se transformam. Para isso, precisamos estar abertos. Começamos esse convite para conversa abrindo nossos custos em 2015. Gosto muito de dizer que se trata de um “projeto”, pois isso significa que ele é da ordem da tentativa, está em construção. Não está pronto. Desta maneira, estamos abertos para nos transformar, ouvir sugestões, aprender e ensinar com outras iniciativas. Nos entender como tentativa também faz parte de uma filosofia na qual acredito, a sustentabilidade no mundo do consumo é algo quase utópico. O Movimento Menos 1 Lixo, sabe bem disso. O simples fato de colocar mais um produto no mundo já compromete um pouco nossa cadeia. Por isso é importante entendermos que as empresas ofereçam algo mais, um produto que tenha uma causa ou que seja produzido de forma mais justa, com processos que respeitem as pessoas e o meio ambiente.

Nossa intenção é transformar um pouco a sociedade, é uma tentativa de inserir novos paradigmas, novas formas de pensar. Atualmente isso está presente de forma mais ativa na moda: movimentos como o Ecoera, #compredequemfaz, #feitonobrasil, #quemfezsuasroupas. Além de marcas como Flávia Aranha (tingimentos naturais), Saissu (materiais reciclados), e tantas outras. Precisamos de mais e mais iniciativas.  Diria que é cada vez mais urgente. Bom, Celina, só podemos sentir uma gratidão imensa pela conversa sincera com o Menos 1 Lixo e cada leitor. Por nos aproximar das artesãs mesmo com toda a distância, por agir tanto em prol das novas formas de consumo e produção, tão necessárias desde sempre e principalmente nos dias atuais. Não por acaso a Catarina foi vencedora do premio Ecoera, idealizado pela Chiara Gadaleta e pela Vogue, como melhor marca no trabalho com pessoas. O recado que fica é: consumidor, perceba o seu poder! E se você que tá em casa quer saber ainda mais sobre o que vem por aí, acompanhe o novo projeto da Catarina Mina. Com vocês, a oficina de artesãs ou, simplesmente, FIA. 

 
Talita Gamboa
Por:
Gostou do texto?
Compartilhe nas redes sociais esse conteúdo que você acabou de ler e ajude a espalhar a mensagem!
Sobre o movimento

Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.

Nossas redes
Editorias
Tags em destaque

Você também pode gostar:

Assine nossa Newsletter!

Receba conteúdos, notícias, promoções e novidades do Menos 1 Lixo direto na sua caixa de entrada!
Obrigado! Sua inscrição foi feita com sucesso!
Oops! Something went wrong while submitting the form.