A tentação de carregar uma pedra espe(a)cial por um preço astronômico

A tentação de carregar uma pedra espe(a)cial por um preço astronômico

Publicado em:
5/6/2023
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QUANDO O CAPITALISMO VAI AO INFINITO (e além!)

O gerente ficou maluco! Agora você pode pagar com estrelas… ou melhor, com mais de R$ 200 mil reais, por uma bolsa de meteorito que vai ser uma explosão no seu senso de realidade. Brincadeiras à parte, essa é daquelas notícias que têm muitas camadas problemáticas.

A Coperni, marca de luxo francesa, lançou recentemente um produto que prova mais uma vez o poder do fetichismo da mercadoria no mundo capitalista. Uma bolsa feita de meteorito pela bagatela (contém ironia) de 40 mil euros. Para e pensa: não é louco observar como o capitalismo estabelece o valor que bem entende, transformando objetos singulares em ícones de status e exclusividade? Afinal, quem poderia resistir à tentação de carregar uma “pedra especial” - ou seria “espacial”? - com um preço astronômico? Esse último ponto, na verdade, é a segunda problemática desse rolê.

Ainda não sentiu o drama? Então reflete aqui comigo: segundo a marca, estamos falando de uma rocha lunar que caiu no Planeta Terra há mais de 55 mil anos e foi encontrada em 1968 no Sul da França. Na teoria, é algo que deveria estar preservado em um museu ou sendo estudado por cientistas, mas claro que a indústria da moda daria um jeitinho de explorar a história cósmica pra gerar lucro, né? O que reverbera em você quando pensa que algo tão significativo e único está sendo manuseado por empresas em busca de ganho$ (com muitos $ nesse caso), em vez de ser apreciado em seu contexto original?

Mas não para por aí! Se você observou bem a foto, com certeza reparou no último (mas não menos importante) ponto dessa história. A bolsa intergalática não desafia só o bom senso, mas também a lógica, já que não é possível guardar nada dentro dela. Vale lembrar que qualquer bolsa tem (ou deveria ter) como propósito principal guardar objetos e facilitar o transporte deles, certo? Não sei pra vocês, mas pra mim o objeto mais parece um acessório de crossfit do que um item de luxo. Fica até difícil não fazer uma conexão com os saudosos Flintstones, que usavam pedras como ferramentas e utensílios em sua vida pré-histórica. Será que eles teriam aderido a essa extravagante moda? Acho que não… bom, se o objeto entrou na sua “wishlist” fica de olho nesses pontos acima porque a grife não aceita reembolsos com relação ao artefato, tá?

Fazendo uma última análise, a existência de uma bolsa feita de meteorito deixa explícito pra mim que estamos vivendo uma época em que a busca por luxo e exclusividade ultrapassa limites absurdos, em um mundo que deveria estar focado em avanços científicos, na distribuição de recursos e na regeneração do planeta em que vivemos e deixaremos para as próximas gerações.

João Espingarda, Wagner Andrade
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