Você pode estar sendo vítima de um açucarado golpe cor de rosa

Você pode estar sendo vítima de um açucarado golpe cor de rosa

Publicado em:
21/7/2023
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Se você acessou qualquer rede social ou simplesmente saiu da sua casa na última semana, certamente já está sabendo que cheg aos cinemas do mundo todo o tão esperado filme da Barbie. Afinal, estamos todos cercados de lembretes purpurinados por aí, porque claro, o #capitalismo tá dando uma festa digna de princesa em cima desse lançamento. Os principais cinemas do Brasil, por exemplo, não perderam tempo e decidiram surfar na onda do hype, oferecendo combos que custam uma pequena fortuna, cerca de R$ 80 reais em média. Dá pra acreditar que isso rendeu até uma disputa acirrada entre os estabelecimentos pra ver quem consegue entregar o combo mais... bem, rosa? Mas calma, antes de continuar esse artigo, peço licença aos nostálgicos e novos fãs da boneca mais conhecida do mundo, porque aqui só tem espaço pra conscientização, então tá beeeeem longe de ser uma crítica pra Barbie, tá? Pelo contrário, se alguém encontrar com a versão Sereia da boneca, manda um salve por mim, porque não deve ser nada fácil sobreviver em meio a tantos plásticos.


Se você já está com seus ingressos comprados, aproveite! Mas bora pegar o gancho do assunto do momento pra bater um papo sobre como o capitalismo mais uma vez tá vencendo e o planeta tá mais de lado que o Ken? Segue o fio:

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O Combo do Cinemark é um dos queridinhos da galera

Quem diria que a combinação de um grão de milho com um corante poderia ser tão revolucionária, não é mesmo? O combo acima do Cinemark seguiu o script. Mas não para por aí, ou você acha que só de pipoca se faz o capitalismo rosa? O Burger King, famoso pelas suas jogadas de marketing, decidiu lançar o Pink Burger. Nada mais e nada menos que pão brioche, cheddar, carne, bacon e molho Barbie Kill (hihihi)... brincadeira, é um molho defumado com um delicioso (rs) corante rosa. O combo ainda conta com donut, milkshake e fritas. Tudo pela bagatela de quase R$ 60 reais.

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Fala a verdade, esse molho rosa te apetece ou causa estranheza?

Agora, se você acha que o fenômeno se limita apenas às comidinhas pra assistir ao filme, você está enganado! O hype em torno da Barbie é tão grande que até mesmo as grandes marcas de moda estão apostando todas as suas fichas em novas coleções. Eu sei que é muito bom seguir aquele conceito de olhar a vida através de “ óculos cor-de-rosa" pra ter uma visão otimista e positiva da vida, mesmo diante das dificuldades. Mas quando estamos muito perto de viver o ano mais escaldante da história, não dá pra tapar o sol com a peneira e evitar certos assuntos, né? De acordo com o relatório Fashion on Climate, a indústria têxtil contribui com aproximadamente 2,1 bilhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa, sendo 4% do total global. Brincar, se fantasiar, celebrar é sempre muito bem vindo, mas para e pensa: poucos meses atrás a febre era vestir preto por causa da Wandinha, agora a cor da tendência é o rosa? Como a gente freia toda a crise ambiental do planeta se ainda não entendemos que a blusinha que a gente compra e abandona na tendência seguinte não tem nada a ver com isso?

E se você tá achando que eu estou exagerando, olha isso:

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A ZARA SA, por exemplo, lançou uma coleção gigantesca inspirada na boneca icônica. E não pense que são apenas roupas, não! É uma verdadeira imersão rosa, com óculos, perfume, bolsas, sapatos.... parece tudo muito fofo, mas a pergunta que fica é: onde será que estarão essas peças e acessórios nos próximos anos? No fundo do armário? Nos aterros? No Deserto do Atacama? Somente nos Estados Unidos, 14 milhões de toneladas de roupas são descartadas todo ano. A C&A Brasil, é claro, não poderia ficar de fora e também tá apostando alto com a sua própria coleção Barbie, com direito a apoio de pescoço e tapa olho. Vamos ser honestos? A gente tá precisando é abrir os olhos, e de uma vez por todas!


Repito: o problema aqui não é o filme da Barbie. Sobre a boneca em si, poderíamos abrir uma conversa sobre os impactos na psique das crianças e mulheres, as questões de diversidade e etc. Mas vou me ater a indústria do consumo. Ah, e é provável que eu assista com minha filha, claro! A verdade é que vivemos tempos desafiadores, estamos à beira de um colapso e precisamos discutir coisas que 10 anos atrás não sabíamos que precisávamos. Por que será que nos deixamos levar por toda essa onda cor-de-rosa? O movimento é lindo, abraça os nostálgicos, reúne os amantes da sétima arte, mexe com o apego emocional de muita gente, incluindo dos novos fãs, e tá tudo bem! Mas por que vir junto de tantas coisas que causam impacto ambiental? Porque, claro, não posso deixar de mencionar a questão do plástico e do consumo consciente. Afinal, quantas vezes você realmente usará aquela blusinha com o nome "Ken" depois que o hype da Barbie passar? E o hambúrguer rosa, que custa alguns reais a mais que o tradicional, realmente vale a pena? Será que estamos levando em consideração o impacto de toda essa produção em massa de itens cor-de-rosa que provavelmente serão descartados em breve?


Rosa is the new black… mas não de cinzas! Não dá mais pra deixar o fetichismo da mercadoria "alimentar" a alienação das pessoas no sistema capitalista, combinado?

Wagner Andrade, João Espingarda
Por:
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