Lixão x Aterro

Lixão x Aterro

Publicado em:
8/5/2019
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Você sabe a diferença entre lixão e aterro sanitário? O lixo que você descarta some da sua casa, do restaurante que você frequenta e no seu ambiente de trabalho… mas você sabe pra onde ele vai?

Lixão

O Brasil ainda precisa caminhar muito quando falamos em gestão de resíduos sólidos. Desde a década de 1950 (!) que os lixões são considerados inadequados como destino pro nosso descarte. Em 1954, a disposição de resíduos sólidos a céu aberto foi proibida e em 1981 e depois em 1998, leis federais criminalizaram essa prática. Mas foi só em 2007 e 2010, que resolvemos enfrentar esse problema de forma sistêmica e efetiva, estabelecendo prazos pra que todos os municípios fechem seus lixões.

E o prazo era até 2 de agosto de 2014.

Hoje, mais da metade do volume de resíduos coletados no país são destinados aos lixões ou espaços a céu aberto, que não deveriam receber lixo. E esse número ainda pode ser pior, já que esses são só os que foram registrados pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).


Mas você sabe o que são, de fato, os lixões?

Eles são espaços onde os resíduos são descartados diretamente no solo, sem qualquer proteção e controle ambiental, provocando muitos problemas e danos ao meio ambiente e à saúde de todo mundo. Só pra você ter uma ideia da gravidade do problema, segundo o Fernando Barreto da ABRAMPA,

50% dos leitos no Brasil são ocupados por doenças provenientes de saneamento ou gestão de resíduo.

Alguns dos maiores lixões do país ficam em áreas de preservação ambiental e bem distantes das cidades, e quase ninguém vê. E se a gente não vê, não entende de fato quais são os problemas gerados por esse processo.

Lixões são lugares propícios pro aparecimento de mosquitos, ratos, baratas e animais que transmitem doenças. Além disso, o chorume produzido nos lixões contaminam os lençóis freáticos, os rios, mares e o solo. E, claro, a gente.

Eles são hoje a maior fonte de poluição do mundo!

E impactam diretamente as comunidades carentes das zonas periféricas das cidades e mais da metade delas no Brasil ainda têm lixões.


Aterros Sanitários

Eles são parte fundamental da gestão de uma cidade sustentável, porque garante o controle da água, do gás, da energia e precisa de licenciamento ambiental pra ser estabelecido. Tem um limite de recepção de resíduos a partir de estudos do solo e da realidade de cada espaço. O solo e os lençóis freáticos são preservados nesse modelo e monitorados, pra que a contaminação não aconteça.

Hoje em dia, os aterros mais responsáveis, já geram energia a partir do lixo, como o biogás, por exemplo, que pode ser usado pela população depois de um tratamento adequado. E a área, depois, ainda pode ser transformada em parques e ambientes de lazer pra redondeza.  

Aterros Controlados

Ainda existem os aterros controlados, que recebem o lixo sem impermeabilização do solo ou qualquer tratamento dos gases e do chorume. É um modelo intermediário entre os lixões e os aterros sanitários. Tem algum tipo de controle e seguem algumas normas brasileiras do meio ambiente, mas é o mínimo do mínimo e não é o suficiente pra atender às recomendações da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

No Brasil, agente ainda tem uma discrepância muito grande entre as regiões e o destaque pra quantidade de lixões. No Nordeste, por exemplo, temos 7x mais lixões do que o Sudeste.

Tabela retirada do Programa Lixão Zero, do MMA

Mas se o Brasil tem metade dos municípios ainda com lixões, quais são os caminhos?


A gente precisa parar de comparar o Brasil com países menores, mais desenvolvidos e com um contexto histórico completamente diferente do nosso. Isso desenvolve frustração e uma sensação de que nunca vamos conseguir mudar esse quadro. Um exemplo bacana são os EUA, o quarto maior país do mundo (nós somos o quinto!). A partir dos anos 1980, eles conseguiram dar fim a mais de 20 mil lixões. Na época, era quase um lixão pra cada cidade estadunidense.

O processo aumentou o índice de reciclagem, pela concentração de materiais recicláveis em amplas áreas de tratamento, diminuindo custos de logística, e garantindo a viabilidade econômica de vários resíduos que não tinham valor no modelo de gestão antigo. Em 1960, os EUA reciclavam 6% do lixo e em 2013, esse número passou pra 34%.

E em 1970, quando o país tinha 20 mil lixões, em 2010, passou a ter 1.800 aterros sanitários regionais.


E quanto cada brasileiro gera de lixo pra entendermos o tamanho do problema?

Os moradores das 3 melhores cidades quando falamos em gestão de lixo geram:

  1. Caxias do Sul | 273,31 kg por habitante por ano
  2. Niterói | 387,80 kg por habitante por ano
  3. Rio de Janeiro | 484,22 kg por habitante por ano


Nessas cidades, a arrecadação específica pra gestão de lixo, com as companhias de limpeza urbana, cobre 100% das despesas. E fica claro que precisamos, cada vez mais, taxar esse serviço, o que garante melhores resultados e mais investimento pra área. No Rio, por exemplo, a despesa é de R$ 284,41 por pessoa por ano.

Inicialmente, aterros sanitários são mais caros, pela necessidade de manutenção periódica e por todo o envolvimento complexo da garantia de que ele vai servir à população de maneira sustentável e viável. Mas quando a gente pensa que a estimativa de gasto do Sistema Único de Saúde (SUS) é de 1,85 bilhão de dólares em 2024 só com doenças relacionadas às consequências do lixão, a gente já consegue pensar como é fundamental relativizarmos o nosso conceito de gasto.

Programa Lixão Zero

No final de abril, o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou a implementação do plano de governo pra resolver a questão dos lixões no Brasil, com o projeto Programa Lixão Zero. Os principais pontos de ação são, segundo o documento, realizar a destinação final ambientalmente adequada de resíduos sólidos urbanos, fortalecer a Logística Reversa; potencializar a geração de energia a partidos resíduos sólidos e elaborar Plano Nacional de Resíduos Sólidos.

E a gente fica de olho pra entender os próximos passos e garantir que o plano seja de fato sustentável pra todos.


Fonte: Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana, Selurb e Pwc, 2018.


Menos 1 Lixo
Por:
meio
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Sobre o movimento

Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.

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