Um clube só de alimentos orgânicos

Um clube só de alimentos orgânicos

Publicado em:
18/5/2015
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"Olá, amigos, Estamos com um projeto ainda sem nome em mente cuja ideia é conectar produtores orgânicos com vocês. Precisamos de R$4 mil por 6 meses para pôr em prática os planos. Quem vem junto?"

Foi mais ou menos assim o email que Vitor Piranda e Eduardo Boorhem escreveram para uma lista de conhecidos em setembro do ano passado. Os dois, que são amigos de infância e cursaram Publicidade na PUC, tinham largado fazia pouco tempo seus empregos em agências para se dedicarem a esse projeto, que começava a ganhar corpo e os levava para mais perto de uma vida com propósito. Conseguiram fechar um grupo de oito pessoas que se comprometeram a contribuir mensalmente com uma quantia que, junto, chegava a R$3 mil. Em contrapartida, eles receberiam uma cesta com alimentos orgânicos fresquinhos semanalmente.

Estava lançado o projeto piloto do Clube Orgânico. A ideia era ser um clube mesmo, que conectasse pessoas a agricultores orgânicos de forma simplificada. "A gente percebeu que existem várias dificuldades quando se fala de alimentação orgânica: é mais caro, a qualidade nem sempre é boa, é difícil achar pontos de distribuição constantes", Vitor resume. E daí a necessidade do Clube: os sócios pagam uma matrícula anual (que garante o start da produção), contribuem com a mensalidade e recebem toda segunda-feira 15 variedades de produtos orgânicos direto da horta, na porta de casa. "Mas a gente acredita que qualquer espaço pode virar um ponto de distribuição que beneficia a comunidade local", eles acrescentam. E, daí, começaram a articular parceiros que serviriam pra esse propósito, ampliando o leque de acesso aos produtos, já que o transporte direto geralmente é mais caro. Atualmente, estão com um ponto em Botafogo e outro no Humaitá, no Rio.

Tudo isso para democratizar o acesso aos produtos orgânicos, já que a demanda é altíssima, como provam os mais de 2 mil cadastros que já foram realizados desde abril, quando eles oficialmente lançaram o projeto. Foram abertos 120 "títulos" do clube até agora, e há uma lista de espera de 250 pessoas querendo entrar pro grupo. Até o final do ano, eles planejam abrir mais 500 vagas. O mais legal: "Tudo isso sem investir nada em publicidade, toda a divulgação foi orgânica também", Vitor conta, fazendo bom uso da palavra. Notícia boa espalha rápido. Isso tudo sem falar que quem participa do clube acaba economizando cerca de 30% a mais do que se comprasse orgânicos em mercados e de 10-15% quando comparado ao valor das feiras. Sim, existe explicação: um estudo do Sebrae mostrou que 60% dos alimentos produzidos não chegam até a mesa do consumidor por conta de desperdícios que rolam no meio do processo (desses, cerca de 50% estragam durante o transporte). E isso é custo extra. "A gente se orgulha em dizer que 100% dos nossos alimentos são consumidos", eles contam. Muito disso só é possível por conta desse esquema de compra coletiva, em que os alimentos já são produzidos com destino certo e chegam no domingo no Rio, onde são armazenados em uma cabana fria para serem distribuídos no dia seguinte em carros refrigerados. Dá pra ficar melhor: a produção de lixo deles é quase nula. O Clube Orgânico usa caixas feitas de material reciclável para a entrega dos produtos, sem nenhuma embalagem. As caixas, lindas, semanalmente são trocadas: você recebe uma cheia e devolve a vazia! Um sonho. E, por falar em sonhos, os deles são todos focados em cada vez mais ampliar as possibilidades de acesso das pessoas a alimentos orgânicos e criar essa rede bonita interdependente. "No final, é uma troca de vidas mesmo: os sócios sustentam um pequeno agricultor e recebem alimentos deliciosos e saudáveis que, nada mais são do que a base da vida", resumem.

Olivia Nachle
Por:
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