Crônica I Fazer a sua parte é mais do que separar o lixo, é expandir ideias

Crônica I Fazer a sua parte é mais do que separar o lixo, é expandir ideias

Publicado em:
20/9/2015
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Toda vez que eu escuto sobre sustentabilidade, tenho uma vontade súbita de fazer tudo diferente, mas logo volto à minha rotina de sempre.  A gente ouve, desde pequeno, que o mundo vai mal, que a camada de ozônio está sendo destruída, que isso gera aumento da temperatura, que a água vai acabar, que temos que economizar energia e consumir menos e que tudo é nossa culpa. Mas acontece que não existe realmente um aprendizado que nos faça olhar o planeta com preocupação. Sabemos de tudo isso, mas a água continua saindo da torneira quando eu ligo, a temperatura aumentou, mas eu tenho ar condicionado, eu uso protetor solar e a vida parece muito bem, obrigada. Parece que tudo que ouvi ao longo dos anos é tudo balela é aí onde está o problema. E as outras pessoas que não têm esse privilégio?

Mas o que eu vou fazer? Quem produz plástico, quem mais gasta água, quem mais polui a cidade são as empresas! Vamos acabar com as empresas então, porque eu não to fazendo nada de mal pro mundo. Você sabe como uma empresa se sustenta? Com as vendas de produtos. E quem compra esses produtos? Você, é claro. Então se você tiver um mínimo de interesse em salvar sua própria pele, é interessante começar a prestar atenção no que você compra, come e veste. Se todo mundo mudar a postura de consumo, as empresas vão mudar de postura também, senão elas não vendem e quebram. Eu sei, falando parece mais simples do que realmente é. São anos de estudos de marketing pra te fazer comprar determinado produto e se eu começar a falar sobre a história do consumo, esse texto vai virar uma tese. Mas se a gente já sabe que existe essa publicidade "manipuladora", cabe a nós consumir de maneira diferente. Tudo é feito por pessoas e pessoas são bem complicadas, mas são acessíveis. Quem cria nossa cultura somos nós, então só nós temos a capacidade de mudá-la.

Antes das manifestações de 2013 se falava bem menos de política. Hoje, de uma forma ou de outra, todos estão buscando mais informações sobre o assunto, porque todo mundo foi afetado. É exatamente isso que precisa que acontecer em relação à sustentabilidade. Enquanto algo não chacoalhar o mundo, vamos continuar no mesmo esquema. E eu não acho que isso seja ignorância, mas comodidade. Esse papinho de "se cada um fizer sua parte" não cola mais, porque é preciso mudar a linha de pensamento e não só fazer coisas pontuais. Não vou fazer uma lista de coisas que você pode fazer para melhorar o mundo, porque isso tem que partir de você. Separar o lixo orgânico do reciclável, economizar água e energia e  andar de bicicleta viraram blábláblá porque ninguém vê uma mudança imediata ao se preocuparem com isso. E mesmo que falem que não custa nada, você sabe que custa. Custa tempo e tempo é precioso pra você que quer aproveitar o presente, mesmo sabendo que nunca consegue fazer isso de verdade. Então, vira um ciclo vicioso de ansiedade, comodidade e ignorância. É preciso mudar radicalmente a forma de viver e não tem jeito. Não precisa virar um hippie, só precisa mudar a forma de consumir produtos e as ideias. E , pra ser um pouco mais otimista, hoje temos a tecnologia a nosso favor.

Existe um livro incrível chamado Abundância, e os autores afirmam que  a humanidade está  entrando em um período de transformações radicais no qual a tecnologia tem o potencial de fazer com que as necessidades básicas de todos os seres humanos do planeta sejam alcançadas. Dentro de algumas gerações nós vamos prover serviços que antes eram reservados a apenas uma parte da população para todos.

O jeito de chegar a esse paraíso de abundância é tecnologia. Que no caso é qualquer aparato que sirva de ajuda pro ser humano trabalhar de forma mais eficiente. Do tipo: Tenho uma árvore de maçãs, eu sozinha tenho acesso a um certo número de maçãs. Mas com a ajuda de uma escada posso chegar ao topo da árvore e então pegar mais frutas, gerando assim abundância de recursos. Abundância, nesse caso, tem a ver com recursos, dos mais básicos aos menos emergenciais. Do tipo: alimentação, moradia, educação, saúde, ar limpo, água potável, acesso a cultura e internet.

A notícia boa é que tem muita gente trabalhando nisso ao redor do mundo e nós podemos fazer parte disso. Não é o suficiente fazer a diferença de forma pontual, mas sim expandindo a capacidade de todo mundo aderir ao mesmo pensamento de progresso. Dessa vez, não precisamos torcer para o governo ou grandes corporações se movimentarem por nós. Nós sabemos onde temos que chegar e temos acesso a todo tipo de informação que precisamos pra chegar lá. E não precisa ser cientista ou mega influente no Vale do Silício. A tecnologia colocou, literalmente, nas nossas mãos a responsabilidade de tomar partido!

Marcela Picanço
Por:
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Sobre o movimento

Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.

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