E aí você faz uma coisa desde sempre, sem pensar muito... faz porque todo mundo antes de você já fazia assim e porque todo mundo junto de você também faz. É o caso do uso de absorventes. Uso há mais de 20 anos por que... porque sim! Acho que nesse tempo todo, a única coisa mais diferente que apareceu na minha vida foi o absorvente interno, que gerou um certo estranhamento no início, mas depois também entrou na rotina. Numa viagem a Berlim em 2009 lembro de ver pela primeira vez um copo coletor menstrual. Vi num outdoor desses que fica em ponto de ônibus e tirei até uma foto porque me pareceu a coisa mais bizarra do mundo. Totalmente descabido, impensável, surreal. Coisa de Berlim. Entrou pro hall de lembranças da viagem, e só. Agora, em 2015, uma amiga* vem me dizer que está usando o tal copinho. Meu Deus... aquela bizarrice sobreviveu a Berlim, atravessou o oceano e veio me encontrar num almoço entre amigas. Só que agora, a história começou a fazer mais sentido. A gente gera muito lixo. Muito. Muito. Muito. O copinho é uma das muitas de coisas que podemos fazer pra gerar um estrago menor. Eu não faço tudo que poderia. Por exemplo, tenho uma filha de 1 ano e não consegui implementar nada diferente da fralda descartável lá em casa. Eu até tentei, mas não rolou. Fiquei feliz de pelo menos ter tentado. E me sinto na obrigação de tentar sempre – gerar menos lixo tem que ser um direcionamento de vida. Às vezes vai dar certo, às vezes não. Um pouco menos, muito menos... qualquer economia já tá valendo. E foi nesse clima que comprei meu copinho pela Internet. R$80 pra usar por pelo menos 10 anos. Economia de lixo e de dinheiro. E aí fiquei esperando ansiosamente para inaugurá-lo. Tá cheio de filmes no Youtube ensinando como colocar, me preparei assistindo uns 2 ou 3. [embed]http://www.youtube.com/watch?v=33lspg6LQBY[/embed] Chegou o grande dia. Coloquei o copinho sem nenhuma dificuldade. Passei 12 horas com ele. Durante esse tempo, no trabalho, almoçando com amigas... e eu só pensava “eu tô fazendo uma coisa diferente, que ninguém sabe”. Essa sensação me deu uma mini-alegria o dia todo. Aí chegou a hora de tirar. E a coisa foi BEM complicada. Resumindo: levei 40 minutos, suei muito, fiquei nervosa pensando que o copinho ia se perder no meu corpo, me arrependi muito de ter colocado aquilo. Eu não via saída pra aquela situação. Já tava imaginando minha chegada o hospital, humilhada, tipo aquele cara do episódio da cenoura (OK, talvez não tão ruim). Mas respirei fundo e recrutei dentro de mim uma figura que uso nesses momentos de pânico, uma figura que não se deixa vencer por um copinho de menos de 10cm. E consegui. Ufa!! Pensamento imediato: “NUNCA MAIS”! 10 minutos e 1 banho depois, eu já tava colocando o copinho de novo. Mandei uma mensagem pra aquela amiga que me indicou o método pra pegar umas dicas de como tirar sem precisar de tanto esforço físico e mental. Ela me deu as dicas: faz força e aperta a lateral do copinho pra tirar o vácuo. Fiat lux! Na próxima vez que fui tirar o copinho, ele saiu bem mais fácil. E já tirei várias vezes depois disso, cada vez mais rápido. Esse copinho me trouxe várias coisas boas. A principal: menos 1 lixo. Além disso: fazer uma coisa diferente sobre um assunto monótono. Não desistir fácil, de preferência, não desistir nunca. Usar a rede (as amigas, no caso) quando precisar de ajuda. Ter menos preconceito com ideias que parecem loucas. Valeu a experiência! Vou seguir com meu copinho... já tenho até um certo carinho por ele, rs.
Por: Luiza Rossi, amiga* da Fe Cortez, responsável por apresentar pra Lu o copinho, e como tirá-lo de forma mais fácil. A Luiza é uma amiga de muito tempo, que estava comigo quando assisti ao Trashed pela primeira vez, ou seja, viu nascer o Menos 1 Lixo, e é com muita alegria que publico esse depoimento sincero de uma amiga mais que especial.
Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.