A história maravilhosa por trás da rede Asta

A história maravilhosa por trás da rede Asta

Publicado em:
26/5/2015
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Uma tarde de quarta-feira qualquer, uma caminhada por Ipanema, uma grata surpresa. Quase na esquina da Visconde de Pirajá com a Aníbal de Mendonça, a pequena loja chamou atenção. Asta - bom, bonito e do bem, dizia a placa. Lá dentro, era tudo colorido, tudo bem feito, tudo de bom gosto. Dava pra sentir que tinha um quê especial.

Foi começar a conversar para perceber que a Asta é muito mais do que uma loja de decoração e design. É um projeto que vive da sustentabilidade em todas as suas fases de produção. Tudo ali é feito de materiais reaproveitados ou reciclados por mulheres artesãs que receberam treinamento para fazerem parte de uma rede que, hoje, já conta com mais de 700 artistas.

A ideia vem de lá de longe, 2002, quando Alice Freitas e Renata Brandão largaram seus empregos em multinacionais para viajarem o mundo mapeando iniciativas nas áreas de educação, saúde e geração de renda. Nesse processo, encontraram muita coisa bacana e a semente começou a florescer quando Rachel Schettino, em 2004, entrou para o grupo, dando uma pitada de pragmatismo necessária para que negócios sociais aconteçam. Rodaram o Brasil atrás de feiras e artesãs e, quando viram, já estavam oferecendo o primeiro curso para essas mulheres, de arte em jornal. Os produtos que começavam a nascer eram lindos e diferenciados mas não conseguiam competir com os importados da China, e foi aí que elas criaram um catálogo, e depois um quiosque em um shopping, e depois uma loja em Laranjeiras, e outra em Ipanema, e um e-commerce, e atingiram mais de 700 artesãos, 2596 beneficiados diretos, e chegaram a casa de mais de 100 mil itens consumidos e ganharam prêmios como o de Economia Criativa do Ministério da Cultura, e, e, e… Respira!

Inspira. É isso que elas vêm fazendo ao enxergar materiais descartados como grandes oportunidades de negócio para quem nunca teve acesso a eles. "Nossa cadeia produtiva é feita de histórias de vida e de transformação de resíduos, de comunidades e de pessoas", elas resumem, conscientes de que o lixo é um grande problema no Brasil. São cerca de 188 mil toneladas de resíduos sólidos coletados diariamente, sendo que 50,8% dos municípios não dão destino adequado a eles e apenas 13% disso tudo é reciclado. Na Asta, lixo vira arte. Mais de 80% dos produtos são feitos só de materiais reaproveitados. Elas vêm recuperando resíduos, incentivando o empreendedorismo, criando produtos incríveis e transformando o comércio em uma ferramenta direta de inclusão. "Acreditamos nesse poder transformador não apenas na cadeia produtiva, mas no próprio consumidor que compreende e assume o poder que tem ao escolher como vai investir o seu dinheiro na hora de comprar", elas contam. Consumo consciente é isso!

E cada vez mais e mais empresas têm chegado até a Asta para que elas pensem em soluções para criar peças lindas de design feitas com os descartes. Recentemente, por exemplo, elas transformaram mais de 30 mil metros quadrados de lonas (que virariam lixo) em sete modelos de produtos que viraram brindes feitos por 49 costureiras. "As empresas que investem na ideia dão destinação criativa aos seus resíduos, agregam valor à imagem da empresa e aproximam o seu dia a dia de práticas ambientalmente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis", elas resumem, conscientes de que a sustentabilidade tem que se manifestar em todas as áreas da vida.

Inclusive no consumo consciente. Se o que chamou a atenção naquela quarta-feira foi o colorido das estampas do pufe (feitas de retalhos doados pela La Estampa que, diga-se de passagem, está por trás das maiores marcas de roupas do país) ou os pallets que servem de decoração e suporte para os produtos, hoje, fica ainda mais claro que beleza é também energia. E quanta energia tem esses produtos, hein? Toda essa história que inclui reaproveitamento de lixo e empoderamento de mulheres faz com que cada produto vá acumulando a melhor das energias e, em nós, pipoque a certeza de que, sim, há opções incríveis para todos levarmos uma vida com mais sentido e mais aproveitamento.

Olivia Nachle
Por:
Foto do banner: The Wasted Blog
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