Paris: menos carro e mais vida

Paris: menos carro e mais vida

Publicado em:
25/8/2015
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Por algumas horas, você elimina todos os automóveis da rua. Dá mute nas buzinas estressadas que saem de carros fechando o cruzamento, apaga toda a fumaceira escura que o caminhão vai soltando, deleta todo o congestionamento que já é corriqueiro naquele cenário e, de certa forma, já faz parte do dia-a-dia de quem passa por ali. Mais: você coloca pessoas no lugar desses carros. Andando, pedalando, interagindo com a cidade. Lhes oferece a oportunidade de olhar -e não só ver: tem tanta coisa que todo dia está ali e passa despercebida no meio da correria e do cinza e do trânsito. No dia 27 de setembro, Paris, na França, vai fazer toda essa descrição se tornar realidade. Nenhum carro (com exceção de ambulâncias e polícia) poderá circular por nove bairros da cidade (arrondissements), incluindo regiões de ícones turísticos como a Champs Élysés, a Torre Eiffel, a Place de la Bastille e a Place de la Republique.

Vai ser o dia de "Paris sans Voiture" (Paris sem carros), que chega sendo parte da campanha que a prefeitura da cidade está fazendo contra a poluição, problema que já é encarado como central por lá. É que o uso desnecessário de automóveis contribui diretamente para o aquecimento global: você queima combustíveis fósseis e, consequentemente, destrói ainda mais a camada de ozônio. Isso sem falar na poluição sonora, no mal estar causado pelos congestionamentos e no estresse que isso gera. Tudo isso tem estado na agenda do governo parisiense. Em março desse ano, por exemplo, a cidade se viu obrigada a implementar o terceiro rodízio de automóveis da sua história, impedindo carros com placas pares ou ímpares de circularem em determinados dias. Só ficaram fora dessa os veículos elétricos, híbridos, a gás ou que tiverem pelo menos três passageiros dentro. No ano passado outra atitude com o intuito de estimular a reflexão: o governo liberou transporte público gratuito por três dias para todos.

Tudo isso vem na direção de pequenas atitudes que invadem e, mais do que mudanças imediatas, abrem espaço para sensações e experiências diferentes daquilo que estamos acostumados que, no fim, geram reflexão e conscientização. De fato, um dia que Paris feche suas ruas para carros -e abra elas para pedestres, ciclistas, skatistas- não faz muita diferença no geral da poluição da cidade. Mas gera a experiência de viver e ocupar a cidade de uma forma muito mais intensa e verdadeira e, isso sim, desperta a vontade de mudar o cenário atual, com pequenas atitudes, que começam em você. A cidade participa, por exemplo, da Semana de Mobilidade Europeia, que rola desde 2002, sempre nos dias 16 a 22 de setembro, e se propõe a refletir sobre formas alternativas e sustentáveis de mobilidade. São mais de 800 cidades europeias participantes que estimulam os seus cidadãos a reavaliarem a forma que eles enxergam o espaço público urbano e retomarem o seu uso principal por pessoas -e não por carros. Por toda a semana, rolam eventos e atividades que vem para trazer consciência sobre esse tão importante tema, que faz parte da vida de de todos.

Mais do que isso: a partir do dia 30 de novembro, Paris vai sediar a COP21, a Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, da onde deve sair o Protocolo de Paris, que vai substituir o já desatualizado de Kyoto (que é de 2005), e deve reunir 190 assinaturas de representantes de países de todo o globo com metas específicas que vem para ser um guia de desenvolvimento sustentável para o futuro. O intuito é estabilizar as emissões de gases de efeito estufa para que a temperatura da Terra não aumente mais de 2 graus Celsius.Os países que vão participar têm até o dia 1º de outubro pra apresentarem suas propostas de redução dos gases. Ao que tudo indica, o Brasil deve colocar como objetivos, entre outros, zerar o desmatamento ilegal, recuperar 12 milhões de hectares de florestas desmatadas, elevar a participação das energias renováveis no total de energia gerada no país de 28% para 33%. Só que isso tudo acontece no nível macro. Mas a gente não precisa esperar isso para mudar a consciência e se engajar na mudança de pequenos atos, que sim, fazem a diferença. E isso inclui coisas básicas como olhar pra cidade em que você morar, respirar fundo e enxergar ali qual é o verdadeiro tipo de cidade que queremos construir. Juntos!

Olivia Nachle
Por:
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