Lixo nosso de todo dia: vamos nos responsabilizar?

Lixo nosso de todo dia: vamos nos responsabilizar?

Publicado em:
3/6/2015
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Joga fora. Se livra do resto. É imundice. Sem valor. Inútil. Não, não. Ensinaram errado pra gente. Lixo não deveria ter essa conotação tão negativa que acabamos usando. Não é o fim, o sujo, o entulho. "Lixo", na verdade, é resíduo -e é assim que ele tem que ser encarado: apenas como parte de um processo em que eu, você, sua mãe, todo mundo, somos igualmente responsáveis. E, olha, como produzimos lixo, hein? São cerca de 379kg por ano! Não dá pra acharmos que só não jogar no chão já é suficiente -o buraco é mais embaixo e, sim, temos que olhar para todos esses resíduos, tão inúteis para nós, como objetos que ainda têm muita vida e valor. A coleta seletiva está aí para nos mostrar exatamente isso!

E é daí que vem a importância da gente entender que toda aquela coisa que vai pra lixeira é diferente e pode ser classificada (e separada!) em quatro categorias. Tem o lixo seco, que é tudo aquilo óbvio de ser reciclado: o papelão, as garrafas PET, as sacolas plásticas, latinhas, o papel, jornal, os copos descartáveis (não produzir esse lixo é ainda melhor, garante o seu copinho #Menos1Lixo). Pra esse todos esses, há uma figura fundamental para que eles tenham a destinação correta, sejam reciclados e virem novos objetos com utilidade: os catadores, que são prestadores de serviços ambientais. Tem também aquele que é, em grande parte, gerado através do nosso desperdício de comidas: o lixo úmido. Esses são os principais responsáveis pela super lotação dos aterros sanitários. Para esses, o ideal é, primeiro, evitar desperdiçar (acredita que, em média, jogamos fora mais da metade dos alimentos?) e, depois, juntar tudo e levá-los para uma composteira para que possam ser reutilizados em plantações e/ou hortas domésticas. Depois, tem aqueles lixos rejeitos que, de fato, perderam toda a sua utilidade, como papeis higiênicos sujos, fraldas, frituras e por aí vai. São esses -e apenas esses- que deveriam ser enterrados em aterros: o espaço pode ser recuperado depois dado o não perigo desses resíduos. Por fim, tem aqueles que são o oposto disso e, em contato com o meio ambiente, são altamente tóxicos. São chamados de lixos perigosos. Pe-ri-go-sos. São as pilhas, baterias, medicamentos e lâmpadas fluorescentes.

É por conta dessa característica mais perigosa (e pela inutilização do resíduo) que foi pensada a logística reversa, um "instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial", como o site oficial do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos descreve. Isso faz parte da Plano Nacionas de Resíduos Sólidos, um conjunto de Leis que foi sancionado em 2010 depois de 21 anos de discussão no Congresso. Dá para imaginar a quantidade de interesses por trás do "simples" lixinho que geramos, né? A logística reversa vem como tentativa de colocar em prática a responsabilidade compartilhada sobre o meio ambiente.

Até hoje, ainda não foram todos os setores que assinaram o "acordo setorial" para se comprometerem a criar mecanismos de recolher os resíduos que produziram. Ou seja, ainda tem muito lixo altamente tóxico sendo despejado em lugares inapropriados. O setor das embalagens plásticas de óleos lubrificantes foi o primeiro a se comprometer, em dezembro de 2012. Dois anos depois, o setor das lâmpadas assinou. E foi só. A coordenadora do Ministério do Meio Ambiente, Zilda Velloso, diz que o setor das embalagens em geral deve ser o próximo a entrar pro grupo (apesar da dificuldade de acordo, já que são 21 associações comerciais), seguido do setor de eletrodomésticos. Pra ela, o mais resistente dos setores é o dos remédios, que está longe de aceitar sua responsabilidade ambiental no processo.

E bem, como bons exemplos devem ser seguidos, vale destacar que o estado do Paraná foi o primeiro do país a assinar um plano que estabelece a meta de 10 anos para implantar a logística reversa em todo o estado. Nele, foram estabelecidas indicações do que os setores devem fazer para viabilizar, na prática, aquilo que a Lei Nacional de Resíduos Sólidos prevê. Só que isso tudo são as ações da ponta de lá. Da ponta de cá, é essencial que a gente faça a nossa parte. Separar os resíduos que sobram é só uma questão de costume e faz, sim, uma baita diferença. Porque é aquela coisa: lixo, na verdade, é só mais uma parte de um longo processo de uso e reuso e tem muito valor, sim senhor.

Menos 1 Lixo
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Sobre o movimento

Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.

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