Todos sabem que o peixe é um dos alimentos mais saborosos e saudáveis que se encontram na natureza. Seja de águas rasas (magros) ou profundas (gordos), doces ou salgadas, a maioria das pessoas adora comer um delicioso peixinho! Com muitas propriedades benéficas à saúde, que listamos abaixo, o peixe é tido como uma das melhores opções para uma dieta rica em proteínas, quando se fala de carne, já que a vermelha, como falamos nesse post e no documentário Cowspiracy, é uma das principais causas de desmatamento da Amazônia e emissão de gases de efeito estufa.
Com uma costa de milhares de quilômetros, o brasileiro em geral é um bom consumidor de peixe. Mesmo assim é relapso quanto à procedência e pouco refinado quanto ao tipo de peixe que está colocando na boca. Por falta de conhecimento, poucos conseguem diferenciar as características e o sabor de cada espécie, e acabam levando ‘corvina por cherne’. Pra piorar, quase ninguém tem em mente que a pesca descontrolada (ou ilegal) e o consumo sem critérios levam ao desequilíbrio dos ecossistemas marinhos e, por fim, podem até prejudicar a saúde de quem come este precioso e delicioso alimento.
Quer um exemplo que está em nosso cotidiano? O consumo desenfreado de sushis e sashimis, atualmente em escala mundial, vem exaurindo o estoque de atum nos mares profundos, e o salmão, produzido em cativeiro, e mal conservado, vem apresentando procedências e qualidade das mais duvidosas, levando ao risco de intoxicações e infecções.
Calcula-se que a pesca ilegal no país ultrapasse as 5 milhões de toneladas por ano, enquanto que a pesca legalizada produza cerca 1,5 tonelada em média, numa desproporção que compromete a fauna marinha e os estoques pesqueiros do país. Soma-se a isso à pouca oferta de produtos certificados. Assim, o consumo de peixe no Brasil se revela uma prática econômica não sustentável e altamente nociva quando pensamos em biodiversidade e preservação das espécies.
Para que o seja, a pesca extrativista marinha precisa obedecer a critérios mais rígidos que evitem a sobrepesca de espécies que estão entrando em extinção, a gente fez uma lista abaixo, e com isso garantir o estoque de diferentes espécies peixe em nossa costa. Infelizmente a certificação dos pescados também ainda é muito tímida no país, e a aquicultura (criação de espécies em cativeiro) ainda é praticamente restrita aos peixes de água doce.
Estudiosos e ONGs também apontam uma falha do governo. Através do Ministério da Pesca e Aquicultura, ele atua apenas na sensibilização junto aos pescadores e armadores de pesca, no sentido de tentar controlar a oferta. Mas não produz campanhas de conscientização dos consumidores, visando educar a demanda. O MPA se defende mas, apesar de alguns programas lançados em parceria com outros órgãos do governo, o monitoramento dos estoques, o combate à pesca ilegal, e as restrições no período de defeso (em que se proíbe a pesca de determinadas espécies para fins de reprodução) se mostram insuficientes, e algumas espécies estão com populações cada vez menores.
FAÇA UMA BOA ESCOLHA
Enquanto essas políticas de fiscalização e de promoção do consumo sustentável não são implementadas em larga escala, podemos lançar mão de algumas maneiras de praticar um consumo mais consciente.
Pra começar, na hora da compra, o mais importante é saber quais espécies podemos e quais não podemos de jeito nenhum consumir, a fim de que não desapareçam da natureza num futuro bem próximo. Pra ajudar nisso, a UNIMONTE, de Santos, litoral de São Paulo, lançou um guia pioneiro, que você pode consultar na íntegra também nestes links – Guia de consumo de Pescados 1 e 2.O que significa “consumo sustentável de pescado”?
“Significa consumir apenas as espécies cujos estoques (quantidade de peixes, em número de indivíduos ou peso) estejam em níveis que garantam a sua estabilidade, ou seja, haja quantidade suficiente de adultos em idade reprodutiva para garantir a reposição do estoque pela reprodução e crescimento. De maneira simplificada, significa consumir apenas as espécies que não estejam ameaçadas de extinção”. Uma outra opção é Lista Nacional do IBAMA e da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza). Então vamos lá!
Fonte: Instituto Aqualung CERTIFICAÇÕES Tendo em mente que entre as mais 1200 espécies de peixes brasileiros, 32 estão sendo pescadas além de sua capacidade de regeneração (entre os crustáceos a proporção é de 10 para 27 espécies), outra boa opção é verificar se o peixe escolhido tem um selo de certificação sustentável, sobretudo ao comprar produtos congelados e/ou enlatados. O selo é outorgado por algumas ONGs que atuam no país. A principal e mais respeitada delas é a britânica MSC, ou Conselho de Manejo Marinho, na sigla em inglês, criada em 1997 pela ONG WWF. Embora mais 20 empresas brasileiras estejam investindo para obtê-los, atualmente apenas três possuem certificação: Noronha Pescados, a Gomes da Costa e a Leal Santos. PRODUTOS LOCAIS Vale lembrar que os peixes frescos, adquiridos em peixarias que recebem os pescados do dia, devem ser consumidos no máximo em até 24h após a compra. E no caso de restaurantes e mercados a regra é única e clara: só se deve consumir peixes devidamente congelados! A melhor maneira de consumir peixe de forma sustentável é escolher peixes de espécies variadas, e em lugares onde é possível encontrar peixes de origem local. Então vale saber que peixe vem da onde. Lá fora, isso é muito comum, mas aqui infelizmente não.
Um cardápio variado permite um melhor equilíbrio na pesca de diferentes espécies, e a opção por peixes locais evita os danos ambientais de uma cadeia produtiva que implica em logística industrial. Afinal, somente o consumidor, através de suas escolhas, é quem tem o poder de fazer com que os produtos sustentáveis se tornem, de fato, uma realidade. E bom apetite! BOX - BENEFÍCIOS Os principais benefícios de comer peixe, além de ser uma alimento de fácil digestão, envolve melhorar a memória, a concentração, prevenir doenças cardiovasculares e aumentar as reações anti-inflamatórias do organismo porque o peixe é rico em ômega 3, que é um componente importante para todos estes processos. Além destes benefícios, o peixe também:
Comer peixe faz bem e, por isso, deve-se consumir peixe pelo menos 2 vezes por semana. A preparação do peixe é também importante para a saúde porque, por exemplo, se for fritar o peixe, ele vai ficar menos saudável porque o peixe frito contém gorduras prejudiciais para o organismo. Desta forma, deve-se dar preferência a peixe grelhado, ensopado ou cozido. Saiba mais aqui.
Fontes: MSC.org, Happy Peixe, Friend of the sea, Unimonte, Na onda do peixe, BBC Brasil, Instituto Aqualung, MPA.
*Fonte: Cintia Miyaji, bióloga, e uma das responsáveis pelo guia.
Em 1º de Janeiro de 2015 nascia o Menos 1 Lixo, um desafio pessoal da Fe Cortez, de produzir menos lixo e provar que atitudes individuais somadas constroem um mundo mais sustentável.