Existe feminista com a barriga no fogão?

Existe feminista com a barriga no fogão?

Publicado em:
14/3/2019
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É possível listar um milhão de motivos pra excluir os alimentos ultraprocessados da alimentação, certo? Refrigerante, maionese, margarina, biscoitos recheados, suco em pó, gelatinas e macarrão instantâneo, por exemplo, estão tão distantes do que um dia foi um ingrediente natural que não podem mais ser vistos como comida. E são muitas as razões que nos colocaram no ranking de países que mais consumem esse tipo de produto. Entre elas, estão a influência da publicidade, a pressão das gigantes de alimentos nas políticas públicas da área da saúde, os preços muito baixos e a dificuldade de acesso a outros alimentos mais saudáveis. Sim, precisamos lembrar que moramos num país onde nem sempre chega alface, mas nunca falta leite em pó.

Só que tem outro motivo que ajuda a entender o aumento do consumo de substâncias comestíveis: a inegável libertação das mulheres do fogão. Lembra do fardo que historicamente carregamos pra ter que dar conta de trabalho doméstico, educação de filhos, carreira e horas de cozinha? Então, a possibilidade de ferver uma água e jogar um pozinho dentro, que fica pronto em 5 minutos, tirou um pouco do peso que, nós, mulheres carregamos nas costas.

Ilustração Sanaa K.

É por isso que sempre me perguntam como posso ser feminista e defender o ato de cozinhar ao mesmo tempo. Simples: defendo que não só as mulheres coloquem a barriga no fogão. Só é possível vencer a guerra contra os ultraprocessados se todos, inclusive as crianças, contribuírem no preparo dos alimentos.

E não custa lembrar: cozinhar não envolve apenas picar cebola e misturar ingredientes numa panela. É preciso verificar o que tá faltando no armário, ir à feira, lavar e armazenar os vegetais, pesquisar receitas, e higienizar toda a cozinha depois.

Então, "mas ele lava a louça", "ele cozinha aos domingos" não é o suficiente. Já passou da hora de companheiros, pais, filhos, irmãos, tios e amigos também assumirem a responsabilidade pela alimentação da família.

Cozinha saudável é cozinha sem mulheres sobrecarregadas.

Juliana é fundadora do site Comida Saudável é pra Todos, onde compartilha receitas veganas e saudáveis acessíveis, empoderando a população de que comer é um ato político


Juliana Gomes
Por:
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