Salve! Comedoria: uma cozinha industrial que mexe com pessoas, comida boa e novos sabores de vida

Salve! Comedoria: uma cozinha industrial que mexe com pessoas, comida boa e novos sabores de vida

Publicado em:
30/6/2016
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A Fe Cortez tinha me contado toda empolgada sobre o projeto “da cozinha do Badá na Rocinha”, disse que eu ia amar. Ela já sabe que como ex moradora do conjunto de favelas da Maré e depois de ter passado toda a minha vida na zona norte do Rio, realmente amo subir os morros pra ver de perto projetos como a Salve! Comedoria, uma cozinha industrial que mexe com pessoas, comida boa e novos sabores de vida. Peguei o contato do Daniel Badaui, furamos duas vezes e após experimentar as empanadas na festa lixo zero, que fizemos pra lançar o nosso copo oficial (<3), tive a convicção de que não furaria mais. Uma semana depois eu subia com os olhos arregalados pra não perder nada do que muita gente chama de favela modelo. 

Com uma informação aqui e ali, cheguei! Depois de chegar Badá, chega a Andressa - 26 anos, zero experiência na cozinha e muita vontade de aprender. Demos início a um bom papo! :) “Eu comecei empreendendo. Com 19 anos eu comprava doce no Centro da cidade de São Paulo e vendia na periferia. Eu tinha uma kombi, e quando todos os meus amigos iam para a faculdade de carro, eu ia de kombi. Depois o negócio cresceu, compramos mais kombis, mas aí vendemos e fechamos.” Badá começou a contar como tinha chegado até ali. “Aí eu fui trabalhar em multinacionais e sempre no comercial ou vendas. Walmart, Johnson e Souza Cruz, que eu fiquei por 10 anos. Lá eu cresci, fiz um monte de coisa e em 2011 comecei a correr atrás de novos negócios, captação de patrocínio, por aí. E há 2 anos eu comecei a procurar algum sentido, propósito, já que eu sabia que queria trabalhar com alguma coisa que me fizesse viajar bastante, que pudesse estar dentro da cozinha e que gerasse impacto social ou ambiental.”

Daí o destino deu aquela mãozinha! O Badá enxergou que gostava de trabalhar com pessoas. Que pelas suas experiências anteriores, ele poderia sim começar algo do zero e fazer aquilo andar. Sua esposa que trabalhava em São Paulo, trabalharia agora no Rio, e ele então pensou num modelo “cozinha-escola”, pelas favelas mais próximas de casa. O Vidigal já conta com algumas boas iniciativas, então a ideia era fomentar a Rocinha.

“Vou montar uma cozinha de baixo custo, onde eu consiga transformar alimentos, fazer produtos, fazer eventos e tal, e com o dinheiro que arrecadar a gente vai fazendo formação de pessoas e principalmente o fomento do empreendedorismo, que é o que eu quero me dedicar mais. Então são duas vertentes: uma é contratar gente que nunca trabalhou e a segunda é trabalhar com gente que já tem alguma coisa com gastronomia - a moça que faz bolo, o cara que faz uma carne assada pro seu ponto comercial, o outro que faz evento - e dar um upgrade neles.”

Lembro que no início eu pedi pro Badá falar da equipe e ele me disse que a rotatividade era muito grande. As pessoas vinham, se desenvolviam e ele dentro do que parecia interessante para elas, as indicava para restaurantes maiores e renomados. Era esse o ciclo positivo da Salve!

Pausa pro Badá fazer o leite de coco. Comprar pronto e industrializado não! Soltar a polpa da casca e fazer manualmente, sim. :) Em seguida eu pergunto como é a questão da geração do lixo, afinal, sabemos a importância de tal ponto. “Putz, é difícil! O coco por exemplo, eu compro ele e já vem num saquinho. Eles entregam aqui e por mais que eu reutilize a sacola, é ruim. Eu quero implementar muita coisa. Aproveitar o espaço para horta, compostagem, reduzir embalagens e por aí vai.”

E sobre os alimentos, Badá? “Eu não acredito muito na questão do orgânico. É melhor pra saúde mesmo, mas eu acredito no produtor. É preciso olhar a cadeia e saber de quem você está comprando. Por exemplo, é possível você usar enxofre no cultivo orgânico, só que enxofre, muito utilizado, também faz mal pra saúde. Então tem um outro cara que planta direitinho, usa o mínimo de agrotóxico porque tá preocupado com a saúde e não é orgânico. Você tem que saber quem é o produtor, o que eu prezo é isso! Produto fresco, de boa qualidade, de época e esse tipo de esforço como fazer o leite de coco. Se tivesse alguém vendendo aqui um tomate que é plantado em algum lugar eu compraria na hora. Eu tenho o cara do queijo, que vai buscar em Minas Gerais, então ele tem um queijo muito bom que compra direto do produtor e vende aqui na Rocinha. Só o frango que é orgânico na grande maioria das vezes. Ele vem fresco e tem outro aspecto. Vale a pena!”

Daí tava chegando a hora do almoço e eu parei que já que a Andressa fez uma limonada deliciosa e o Badá pegou um pão fresquinho, feito por eles, e me deu com uma pastinha de berinjela. Eu que nem sou tão fã, comi sem saber e no auge do momento ele soltou o ingrediente principal e falou um pouco mais sobre a baba ganoush  e suas origens libanesa e italiana, duas culturas que têm a cozinha como o centro da casa. É, ele não foi parar ali por acaso.

Badá e Andressa, obrigada pelo acolhimento! Badá em especial, por toda a consciência e trabalho! Boa sorte nos projetos de empreendedorismo e que a rede linda de pessoas do bem só aumente! Conta com a gente e mande-nos empanadas! :)

Talita Gamboa
Por:
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